Celebramos, neste domingo, a Exaltação da Santa Cruz. O símbolo da Cruz – braços abertos, unindo céu e terra – sacralizou todos os cantos da Terra e todas as experiências sociais e pessoais da humanidade. Hoje, exaltamos a cruz, como sinal que manifesta, para sempre e para todos, o amor de Deus por nós, levado até as últimas conseqüências por Jesus, o Filho amado, na entrega total de sua vida.

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"É necessário que o Filho do Homem seja levantado" para que se mostre o amor de Deus, que quer a salvação da humanidade. Jesus aniquilou-se, entregou-se como verdadeiro Servo Sofredor, e Deus premiou sua fidelidade, exaltou-o e o fez Senhor. Esse estranho amor de Deus provoca, muitas vezes, crise em nossa fé e nos questiona em nossa fidelidade a Jesus crucificado e ressuscitado. Jesus escolheu o caminho do despojamento, da fragilidade. Do serviço, e nós, muitas vezes, preferimos suntuosidade, sucesso, glória.

A cruz foi instrumentalizada no mundo capitalista e virou um material de consumo para muitos que se dizem cristãos. É estranho exaltar um instrumento de tortura, a cruz, ou o "pau-de-arara" da paixão e morte de muitos perseguidos. A cruz que salva nos convida a sermos, com Jesus, agentes de salvação.

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O que se exalta na cruz é a salvação, a entrega total de Jesus, e não a tortura e a morte. Quando competimos para manter nossos cargos e nossas posições, às vezes passando por cima de outras pessoas, estamos usando a cruz como um amuleto. Ela não estará ligada à ação salvadora de Jesus, mesmo que esteja em nossos templos, nos terços, em nosso pescoço ou em nossas paredes.

"A cruz de Jesus Cristo deve ser nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi Ele que nos salvou e libertou". É preciso que tenhamos os mesmos sentimentos de Cristo Jesus. "Símbolo da cruz deverá nos levar aos crucificados de hoje, servos sofredores: pobres, doentes, idosos, explorados, crianças... São eles os mais dignos de serem colocados ao vivo perto dos altares em nossas missas.

A salvação só virá a nós através deles, para os quais é sempre válida a palavra do Evangelho: "Tive fome... tive sede..."(Mt 25). Nenhum sofrimento nos deve aniquilar. A cruz já é vitória em Jesus ressuscitado. Levemos aos crucificados de hoje a palavra de esperança, de confiança inabalável: a vida vence a dor, a cruz e a morte! Essa é a nossa fé.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.