Todos os que acreditam em Deus rezam, pertençam eles a que religião for. Rezam por quem está doente, por quem está desempregado, pelo filho que se deixou levar por más companhias, pelas famílias onde há discórdias, pedem que Deus mande chuva, que abençoe as colheitas, que afaste as infelicidades. Atualmente, este tipo de oração desperta muitas objeções. Muitos questionam: Por que Deus quer que rezemos? Por acaso, para dar aos filhos coisas gostosas, a mãe espera que lhe implorem? É ponto de honra para o homem ser autossuficiente, prover a si mesmo, resolver os problemas com suas próprias forças, com sua própria capacidade.

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Não é humilhante ser obrigado a recorrer a Deus, importunando-O quando nos encontramos em encrenca? Por que Ele deveria intervir de vez em quando, para resolver, com algum milagre, as situações complicadas? Se o mundo que Ele criou precisa ser consertado com permanentes intervenções, é sinal de que não foi bem feito! Não é ridícula a oração do estudante que se lembra de frequentar a Igreja só quando tem algum exame a prestar? E o que pensar da oração que procura convencer a Deus a mudar os seus planos a nosso respeito.

Um pedido nesse sentido deveria ser punido, não atendido. E por fim, por que Jesus reza se tinha poderes para fazer todos os milagres que quisesse? Estes problemas são sérios e o Evangelho de hoje quer esclarecê-los. Antes de tudo há um versículo de introdução que apresenta a situação em cujo contexto Jesus ensinou o Pai-nosso, a seguir encontramos a oração do Senhor, acompanhada de uma parábola e por fim fala-se da eficácia da oração.

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Antigamente os grupos religiosos se caracterizavam não só pelas verdades nas quais acreditavam e pelos mandamentos que observavam, mas também por uma oração que recitavam. Também João Batista tinha ensinado a seus discípulos. Um dia os apóstolos se aproximaram de Jesus e lhe pediram para ensinar também a eles uma oração.  Lucas observa que esse pedido é formulado logo depois que Jesus terminou de rezar. Se a oração fosse somente uma solicitação de favores, Jesus não teria a necessidade de fazê-la.

A oração não é uma forma de mendicância. Mas mesmo quando nos dirigimos a Deus para pedir-lhe alguma coisa, não é para obter privilégios, para ter alguma vantagem nas dificuldades da vida. Não se pede a Deus que mude a sua vontade, mas que nos conceda a conhecê-la, que nos ajude a identificar-nos com ela, que nos dê a força e a coragem de segui-la. Também Jesus precisava desta oração. Nas orações reflete-se o conteúdo da própria fé e a imagem de Deus no qual se acredita. Com efeito, não é suficiente rezar, é preciso também saber como rezar. Por isso Jesus  ensinou aos seus discípulos   uma oração, que deve servir como modelo. Disse-lhes Ele, então: "Quando orardes, dizei: Pai..."

Dom Moacyr José Vitti CSS, arcebispo metropolitano