A vida é um dom precioso. Nela se manifesta a força criadora de Deus que deseja que todos os seus filhos sejam felizes e realizados. Ele quer que tenhamos vida plena, cultivada em todas as suas dimensões, física, psíquica, espiritual. Assim é a pessoa humana sonhada por Deus.

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Mas a realidade que vivemos afronta a dignidade das pessoas. O sonho de Deus parece ter se perdido ou estar distante. Os meios de comunicação mostram diariamente situações que atentam contra a vida: guerras, atentados, crimes, assaltos, destruição, drogas e tantos outros sinais de morte. A violência nos torna indefesos e cria verdadeiras prisões domiciliares. Em busca do dinheiro, muitos cometem atrocidades e até morte. Notícias recentes de nossa cidade vêm mais uma vez confirmar essa triste realidade: a vida foi banalizada.

Diante desse quadro, a população espera das autoridades competentes medidas efetivas que possam coibir a escalada de violência e devolver a todos nós a tranqüilidade a que temos direito. É urgente que se estabeleçam políticas efetivas de segurança que possam fazer frente a essa realidade. Os nossos governantes não podem se eximir dessa responsabilidade.

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Por outro lado, não podemos esquecer que a situação atual tem muitas causas. Uma delas é a falta de Deus, do sentido espiritual. O materialismo, o consumismo, o apego aos bens materiais têm levado a uma inversão de valores. Além disso há a desagregação familiar, o consumo das drogas que levam muitas pessoas a perderem o sentido da vida. Também não se pode esquecer o desemprego alarmante, a falta de oportunidades, a miséria e a fome que atinge muitos lares. São situações que acabam levando muitos a adentrarem o mundo da marginalidade e criminalidade.

Por isso é urgente que nossas famílias se tornem promotoras da vida. Desde a mais terna idade, os filhos precisam ser educados para a valorização da vida, em todas as dimensões. Mais que bem-estar e preocupação com recursos materiais, é necessário que as famílias cultivem valores espirituais, como a oração, o amor, o respeito, a solidariedade, o espírito de partilha. Mais que modernos aparelhos, brinquedos, dinheiro, festas. Os pais devem oferecer a seus filhos carinho, segurança, estabilidade emocional, diálogo sincero e construtivo, valores que ajudarão a moldar cidadãos equilibrados, responsáveis e comprometidos com a vida.

Também é preciso que se crie uma nova ordem social, em que todos possam ter seus direitos respeitados. Isso é tarefa não só dos poderes políticos, mas de toda a sociedade. A Igreja, fiel à ordem de seu fundador, tem feito sua parte, empenhando-se na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, oferecendo orientações pastorais e sociais seguras, denunciando tudo que ofende a dignidade das pessoas e apresentando gestos concretos na defesa dos excluídos e marginalizados. E um desses gestos concretos foi o lançamento, no ano passado, do mutirão contra a miséria e a fome. É um mutirão ao qual todos estão convocados, envolvendo-se nessa grande campanha.

A todos nós Deus interpela, convocando a defender a vida. Os governantes, a sociedade, as famílias, cada um de nós, todos somos responsáveis para mudar a triste situação atual. Mas isso só é possível se construirmos uma nova ordem de valores, em que a pessoa humana – imagem e semelhança de Deus – seja a prioridade. Que a ganância, o lucro, o materialismo, o consumismo sejam relegados a um plano inferior, colocando-se em destaque os valores espirituais, a família, a dignidade humana, na concretização do sonho de Deus: que todos tenham vida e a tenham em plenitude.