"Todos ficaram cheios do Espírito Santo."

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Pentecostes é a plenificação do Mistério Pascal: a comunhão com o Ressuscitado só é completa pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra de Cristo e sua presença gloriosa. A liturgia deste domingo acentua a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes e nos carismas da Igreja, sinais da unidade e paz que o Cristo veio trazer. Isto porque a pregação dos Apóstolos, anunciando o Ressuscitado, supera a divisão das raças e línguas, e porque a diversidade de dons na Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do qual Cristo é a cabeça. Pentecostes é o aniversário da Igreja.

A primeira comunidade tinha sido reunida por Jesus durante a sua vida. Mas o que foi decisivo na data de Pentecostes, depois de sua morte e ressurreição, é que aí começou a proclamação ao mundo inteiro da Salvação em Jesus Cristo, morto e ressuscitado. Para os antigos judeus, Pentecostes era o aniversário da proclamação da lei no monte Sinai: esta proclamação constituiu, por assim dizer, Israel como povo, deu-lhe uma constituição. De modo semelhante, quando os apóstolos proclamam no Dia de Pentecostes a salvação em Jesus Cristo, é constituído o novo povo de Deus. Não só Israel, mas todos os povos são agora alcançados, cada um em sua própria língua. Até hoje, a Igreja continua alcançar todos os povos, grupos, classes e raças numa linguagem que os atinja. Não necessariamente numa linguagem que lhes agrade! Aos pobres, terá que falar uma linguagem de carinho e animação; aos ricos uma linguagem provocadora, para descongelar seu coração. Mas, de qualquer modo, a todos ela deverá explicar na linguagem adequada, que na conversão a Cristo se encontra a salvação.

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O verdadeiro milagre das línguas não consiste em dizer "Aleluia" em todas as línguas, mas em falar com clareza para todos os povos, raças e classes. Os diversos dons do Espírito Santo servem exatamente para isso: para atingir as pessoas de todas as maneiras, para sermos profetas da Nova aliança, selada por Cristo em seu próprio sangue e agora publicada para todo mundo sob o impulso do seu Espírito. Como Moisés e os setenta anciãos no Sinai se tornaram porta-vozes de Deus e da Antiga Aliança, assim agora, a partir de Pentecostes, a Igreja deve tornar-se toda profética, denunciando o que está errado e anunciando a salvação que está na fraternidade e na comunhão que Jesus veio instaurar. Assim, o Espírito de Deus renovará, pela Igreja, a face da terra.

O Espírito Santo faz com que Jesus atue no mundo de hoje, por meio da Igreja. Ele faz com que a Igreja não seja mera instituição burocrática, preocupada em perpetuar-se a si mesma, mas constante encarnação do Espírito que veio sobre Jesus no Batismo e o levou a realizar a sua missão de ser a palavra de amor que Deus dirige ao mundo. O Espírito do Senhor enche a terra, contém o universo todo. Nada escapa ao seu calor, se o deixarmos penetrar. Não desejemos o Espírito para brilhar, para sermos diferentes dos outros, mas para sermos condutores de seu calor, para que atinja a todos. Nós hoje devemos renovar o milagre de Pentecostes: falar uma língua que todos entendem: a linguagem da justiça e do amor. É a linguagem de Cristo e é uma linguagem de "fogo".

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.