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Depois da Ressurreição, Jesus deixou sua missão terrena e subiu aos céus, confiando sua missão aos seus. E o "Senhor cooperava com eles". Depois da Páscoa, tudo mudou. Antes, Jesus era o profeta rejeitado; depois Ele apareceu entrando na glória do Pai, que assim mostrou aos discípulos que Jesus teve razão naquilo que ensinou e realizou. Antes, Jesus chamava os seus discípulos para serem seus colaboradores; depois é Ele quem "coopera com eles", pois agora sua obra está nas mãos deles. O Ressuscitado mandou os discípulos a anunciar a boa-nova e lhes prometeu forças extraordinárias para cumprirem sua missão.

Quem se empenha com corpo e alma pela causa de Deus faz maravilhas, enquanto o acomodado não consegue nada. Movidos pelo amor ao Senhor, os apóstolos se jogarão na pregação, e coisas imagináveis aconteceram. Ficamos maravilhados ao ler de que foram capazes um José de Anchieta, uma Madre Teresa de Calcutá. A festa da Ascensão nos ensina a fazer de Jesus realmente o Senhor de nossa vida e arriscar tudo para levar adiante sua missão, realizando o que parecia impossível. Pois Ele coopera. Coopera de modo extraordinário. Não que extraordinário em si seja uma prova da divindade. No tempo de Moisés havia os feiticeiros do Egito e no tempo dos Apóstolos, os taumaturgos judeus e pagãos.

O extraordinário, de per si, é ambíguo, alimenta o sensacionalismo, o "Fantástico" na televisão. Ora, na pregação, o extraordinário tem valor de sinal quando mostra que o Espírito do Ressuscitado impulsiona o mensageiro, quando faz reconhecer Jesus como Senhor e como aquele que coopera com aqueles que estão a seu serviço, como aquele que tem força para mudar o mundo, quando os seus se empenham por isso. Mas esse poder não serve para a glória própria. Serve para o amor, para o projeto pelo qual Jesus deu a vida. Jesus não veio para conquistar o poder, mas para servir e dar a vida pela humanidade. Veio para manifestar o amor de Deus. Manifesta-se o poder de Jesus-Senhor na evangelização.

O extraordinário da evangelização serve para manifestar que o amor de Deus, tornado visível em Jesus, tem a última palavra. Atualizando, poderíamos considerar coisas que são, nesse sentido, extraordinárias, a transformação das estruturas de nossa sociedade, enferrujada em seu egoísmo; a vitória da justiça sobre a corrupção; a vitória da solidariedade e da dignidade humana sobre as muitas formas de vício e degeneração.

Há grupos religiosos que exibem mais "milagres" do que nós, católicos. Será que por isso devemos apostar mais nas coisas sensacionais? O extraordinário é um sinal, não a causa mesmo que está em jogo. É bom ter sinais, mas o mais importante é que a causa seja apresentada na sua integridade. E essa causa é o amor de Cristo que nos impulsiona. Extraordinário mesmo é o que, nas circunstâncias mais contrárias, fala desse amor. Aí, "Ele" aparece cooperando conosco.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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