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Neste domingo, dia Mundial das Missões, celebramos a Páscoa de Jesus realizada em seu enfrentamento com as autoridades de seu tempo e hoje prolongada nas pessoas e comunidades que permanecem firmes em sua opção por Deus e pela vida, mesmo enfrentando tentações, dificuldades e até ameaças. Louvamos ao Pai que deu forças a Jesus e hoje nos dá a mesma coragem, para sermos capazes de vencer as armadilhas maldosas, os planos falsos e enganosos que ameaçam nossa vida e contrariam seu projeto. Pedimos ao Pai sabedoria para nunca perdermos de vista nosso lugar e nossa missão no mundo, e que o Espírito Santo nos faça reconhecer sempre a presença do Reino, que, muitas vezes, supera nossa compreensão e vai além daquilo que fazemos.

O Evangelho nos fala de fariseus e herodianos que se dirigem a Jesus e, após palavras de elogio, chamando-o de verdadeiro e dizendo que Ele ensinava o caminho de Deus, interrogam-no se é lícito pagar o imposto a César. A pergunta toca a vertente econômica da política, na qual entra em jogo a lealdade e a submissão ao poder imperial de Roma. Há, porém, uma conotação religiosa, porque na moeda estava escrito: "Tibério, filho do divino Augusto". O imposto era o maior sinal de dominação.

Recordava o domínio de um povo pagão sobre o povo escolhido. Fariseus e zelotas consideravam esse imposto uma questão religiosa. Se Jesus respondesse "sim" estaria contra os fariseus e o povo; se dissesse "não" os herodianos o acusariam de subversivo. Ele manda devolver a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Hoje, tempo de tanta corrupção, podemos reconhecer vários poderosos que se colocam como deuses. O poder político coloca-se como valor absoluto.

Pessoas, regimes ou estruturas que impedem a humanidade de ser "imagem de Deus" na liberdade e na justiça roubam de Deus o que pertence unicamente a ele: o povo. A política e a economia devem ser simples instrumentos para a realização da justiça, do direito e da vida, conforme a vontade de Deus.

O dinheiro domina a pessoa de tal forma que fica completamente perdida a noção de dignidade, de direito, de justiça e de respeito. Essa é uma questão mal-resolvida dentro de cada um de nós, na sociedade e na política. Os cristãos que se engajam na política não são fiéis a Deus e se comprometem com o sistema que oprime. Estarão a serviço do povo e não do próprio enriquecimento.

Quando forem capazes de renunciar à riqueza, então poderão ser fiéis a Deus, a quem devem devolver ao povo que lhe roubaram. O imposto cobrado deve ser revertido em benefício do bem comum e não desviado para algum "caixa dois". Jesus condena a transformação do povo em mercadoria que enriquece dominadores e fortalece a dominação tanto interna como estrangeira. A Deus não temos como pagar, pois tudo a Ele pertence.

O tributo que podemos pagar a Deus é a entrega de nossa vida, compromisso com o projeto que Jesus nos ensinou, no amor fraterno e na justiça. Ligamos fé, política e economia, conseguindo romper com a dominação do dinheiro, do consumismo, da adoração à moeda estrangeira, do poder e do sucesso?

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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