Participando da vida do seu povo, segundo o Evangelho deste domingo, Jesus se encontrou na Sinagoga. Abrindo o livro de Isaías, buscou um trecho que sintetiza o seu programa: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 1, 1-4).
O programa de Jesus beneficia diretamente os pobres. Quem são eles? São os que vivem à margem da sociedade e à mercê dos poderosos, sem forças ou condições de resistir-lhes, sem protetor e presa fácil das mentiras e violência dos grandes. Jesus é aliado dos pobres, é seu libertador. Nisto consiste a Boa Nova anunciada por Ele. Ao longo do Evangelho de Lucas vemos que Jesus se posiciona sempre a favor dos empobrecidos e marginalizados, mostrando onde está a raiz da discriminação, marginalização e depauperamento crescente. O programa de Jesus prevê não só a libertação dos marginalizados, mas sua plena reintegração na sociedade, com a recuperação plena de tudo aquilo do qual foram defraudados. Essa é a Boa Nova de Jesus: não consiste em palavras, doutrinação, conceitos, dogmas, documentos, etc., mas numa prática que leve as pessoas marginalizadas à posse da vida plena. Jesus achou a passagem de Isaías que inspirou seu programa. E, depois de lê-la, proclamou: "Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que vocês acabam de ouvir". Ele atualiza para nós o sentido das Escrituras ou, se quisermos, com sua prática libertadora, é o ponto de referência para todos os que se aproximam da Palavra de Deus. Com que olhos lemos a Bíblia? Com qual objetivo usamos a Palavra de Deus.
A Bíblia é um grande programa de libertação que se concretiza no hoje de nossa história. Ela nos remete ao hoje do nosso povo marginalizado, iluminando nossa caminhada de libertação, pois o programa de Jesus é também nosso. A opção pelos pobres, ao modelo de Jesus, e a coerência da Igreja na sua vida e pastoral são inseparáveis. A força do Espírito conduziu Jesus para o meio do povo marginalizado.
Esse detalhe é importante no Evangelho de Lucas. De fato, nos primeiros quatro capítulos desse Evangelho detecta-se intensa presença e ação do Espírito, culminando em Jesus, que se sente investido e ungido por Ele. O Espírito Santo, no Evangelho de Lucas, toma posse de João Batista quando este está ainda no seio de sua mãe (Lc 1,15); toma posse de Maria, que engravida e se torna Mãe de Jesus (Lc 1,35); toma posse de Isabel (Lc 1,41); que proclama Maria bem-aventurada por ter acreditado na palavra do Senhor; toma posse de Zacarias, pai de João Batista (Lc 1,67), que anuncia a chegada da libertação; toma posse de Simeão (Lc 2,25-27), que experimenta a salvação ao receber Jesus em seus braços.
É Ele quem move a profetisa Ana (Lc 2,36). João Batista, em sua pregação, anuncia que Jesus irá batizar com o Espírito Santo (Lc 3,16). Ao ser batizado no Jordão, Jesus é investido da plenitude do Espírito (Lc 3,22); por Ele deixa-se conduzir pelo deserto (Lc 4,1), onde vence as tentações e, finalmente, é conduzido à Galiléia. Há, portanto, um verdadeiro pentecostes no início do Evangelho de Lucas, culminando no programa de Jesus, na Sinagoga de Nazaré.
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