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Dom Moacyr José Vitti

“O Senhor ressuscitou verdadeiramente”

O evangelho de São João 20,1-18, neste dia de Páscoa narra uma história em duas cenas. A primeira começa com Maria Madalena, que logo no primeiro dia da semana (nosso domingo), passado o repouso do sábado, vai ao sepulcro para chorar Jesus. Mas que surpresa, quando vê a pedra que fechava o túmulo rolada para o lado! Ela corre para avisar os seguidores de Jesus, Simão Pedro e aquele outro discípulo, o melhor amigo de Jesus. Eles correm ao túmulo. Pedro chega depois do outro, mas, como é mais digno, entra primeiro e constata: de Jesus nenhum sinal, mas roubado não foi, pois a mortalha e o sudário estão cuidadosamente arrumados. Quem tira a conclusão é o discípulo amigo, que representa aqueles que compreendem Jesus porque comungam com Ele pelo amor. Ele conhece Jesus não só pelos olhos, mas com o coração. Ele entra no sepulcro, vê e crê! É o primeiro a crer na ressurreição de Jesus, embora vendo apenas os sinais de sua ausência. Segunda cena: enquanto Pedro e o outro discípulo voltam para casa, Madalena que não entra juntamente com eles, aproxima-se do túmulo, constata a ausência de Jesus e vê dois misteriosos mensageiros, sentados no lugar onde Ele ficara. Perguntam por que chora, e ela responde que " levaram meu Senhor" e que não sabe "onde o puseram". Voltando-se, vê um outro personagem e pensa que é o guarda, que certamente não gostaria de encontrar aquele crucificado no túmulo destinado para seu dono, rico proprietário. Madalena declara-se disposta a cuidar do corpo. Então o desconhecido a chama com o nome, no idioma dela: "Marianne". E ela o reconhece e responde, na mesma língua: "Raboni" (Mestre). Então o evangelista conta um detalhe que é central para entender o sentido da cena. Maria se joga aos pés de Jesus e quer abraçá-lo, à maneira oriental, em veneração. Jesus a impede: "Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai". Ela deve deixar Jesus livre, pois está subindo para a glória do Pai. Não deve segurar Jesus como se aí estivesse simplesmente aquele que ela seguiu desde os dias da Galiléia. "É bom que eu me vá", disse Jesus (Jo 16,7). A ausência física de Jesus é necessária para que Ele esteja conosco de modo glorioso, sem as restrições da existência na carne. É isso que o discípulo-amigo havia compreendido ao ver o túmulo vazio: ele creu. Madalena também crê, e recebe a missão de ser a primeira a anunciar a ressurreição aos irmãos. Não nos apeguemos exclusivamente ao Jesus das estradas da Galiléia, o Jesus dos milagres e das parábolas. Deixemos que Ele se torne ausente, passando pela cruz, assumida por amor fiel aos seus, para se tornar presente, de outro modo, na glória da ressurreição. O Ressuscitado, que só pode ser visto com os olhos da fé, está conosco. Na mesma manhã Ele aparece aos discípulos e à tarde aos discípulos de Emaús que o reconheceram ao partir do pão. A memória de Jesus na Palavra e na Eucaristia, ensina-nos que Ele vive conosco. Ele é centro de nossa vida. Temos que relacionar tudo com Ele, enxergar tudo à sua luz, que venceu as trevas, a vida que venceu a morte, a graça que superou a desgraça e o pecado. Isso é viver a ressurreição de Cristo em nossa própria vida. Vamos viver de cabeça erguida, os olhos fixos em nossa verdadeira vida, que está nele. Se o pecado nos abate, vamos abrir-nos na comunidade, no sacramento. Se a injustiça nos faz morrer, vamos unir-nos em comunidade em torno a Cristo. Isto é Páscoa, nossa ressurreição com Cristo. A todos uma Feliz e Santa Páscoa!

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