"De manhã cedo, no primeiro dia depois do sábado, Maria Madalena se dirige ao sepulcro. Ainda estava escuro..." (Jo 20,1). Nessas primeiras palavras do Evangelho do dia de Páscoa, podem se perceber, tocar, quase respirar os sinais da vitória da morte. Na terra tudo é silêncio, imobilidade, quietude, enquanto uma mulher sozinha e assustada se movimenta na escuridão da noite. Observemos, porém, o que acontece quando ela se depara com o sepulcro vazio: a cena muda como que por encanto. Sacudidos de repente por uma explosão de vida, todos os personagens estremecem do próprio torpor e começam a se movimentar depressa: "Maria Madalena vai correndo até Simão Pedro. Simão Pedro, então, se precipita para fora junto com o outro discípulo... Corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa...". Tomando todos de surpresa, no dia depois do sábado, a vida explode com toda a sua força.

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Deus interveio e fez rolar a pedra do sepulcro. Também em nossos dias há no mundo situações e lugares nos quais a morte domina soberana e o silêncio celebra a sua vitória. O poder, o princípio da força, a discriminação, a injustiça, o fermento da astúcia parecem, às vezes, esmagar as forças da vida, e o ser humano se encontra, insiste e pusilânime, diante do triunfo do mal. Serão, porém, compatíveis com a fé na ressurreição de Cristo o desânimo e o conformismo diante dos sinais de vitória da morte? Desde o alvorecer do dia de Páscoa, Deus manifesta o primeiro sinal da revolução social que a ressurreição de Cristo pode provocar: na sociedade judaica a mulher pertencia à classe das pessoas discriminadas. Como os escravos, as crianças, os pastores, a mulher não era considerada testemunha confiável. Pois bem! Deus escolhe uma mulher para transmitir ao mundo a mensagem de que a morte foi vencida.

Depois desta explosão de vida, eis que entram em cena dois discípulos. Um deles é muito conhecido: Pedro; o outro não tem nome. Afirma-se, em geral, que se trata do evangelista João. Esta identificação, porém, ocorreu muito tarde, aproximadamente cem anos após a morte do apóstolo. Pode ser que fosse ele "o discípulo que Jesus amava"; todavia, essa figura contém certamente um sentido simbólico que é importante interpretar. A quem ele representa, portanto? Por que não tem nome? O motivo é simples: para que cada um de nós possa incluir o seu nome e compreenda o que deve fazer para ser como Jesus quer.

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A atitude dos dois discípulos diante do sepulcro vazio se repete em nosso dias. Alguém, talvez, poderá pensar que a doação da própria vida seja somente morte, renúncia, aniquilamento de si mesmo. Outros, ao contrário, entendem que uma vida doada aos irmãos, como Jesus fez, não se conclui com a morte, mas se abre para a plenitude de vida em Deus. A todos, faço votos que Jesus Cristo ressuscitado conceda muito amor, paz e esperança?

Feliz e Santa Páscoa!