O Evangelho de hoje conta a parábola do filho que diz "não", mas se arrepende e vai trabalhar na vinha do pai; e do outro filho que diz "sim senhor" ao pai, mas não vai. Jesus pergunta quem fez a vontade do Pai. Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo dizem que é o filho que disse "não", mas cumpriu a ordem do pai. Jesus completa dizendo que os cobradores de impostos e as prostitutas vão preceder no Reino de Deus os chefes que não acreditaram na pregação de João Batista e no caminho de justiça que Ele ensinou. Somos daqueles que pensam que basta dizer: "Senhor, Senhor" para entrar no Reino de Deus? Daqueles que se acomodam a formalidades, a títulos religiosos e não se esforçam na prática da justiça? Seguir Jesus repercute em nossa prática, é ela que decide o destino diante de Deus. O fazer comprova ou desmente o dizer. A pergunta de Jesus exige discernimento: qual fez a vontade do Pai? Hoje ouvimos uma das frases mais duras de Jesus: "Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus". Aqueles que pretendem serem perfeitos, bons observadores da lei serão antecipados no Reino por aqueles que eles julgam e condenam como os maiores violadores das leis, pecadores públicos. A lei que Jesus exige é colocar em prática a vontade do Pai que ama toda pessoa e, em especial os mais necessitados e desprezados. Jesus nos ensina a reconhecer a justiça das pessoas que não têm boa fama, mas praticam a justiça. Ensina-nos a denunciar, para o bem delas e de todos que sofrem sua influência, as que têm boa fama, os considerados santos, mas não praticam a justiça, conforme o projeto do Pai. Jesus é o filho que diz " sim" e faz o que o Pai decidiu. Todas as pessoas que acolhem e seguem concretamente Jesus cumprem a vontade do Pai. Será que temos ficado apenas nas palavras? A Palavra de Deus que hoje nos faz mergulhar em nossa fragilidade humana nos leva também a experimentar a bondade sempre fiel do Senhor que nos propõe mudança de vida e acredita em nossa conversão.
"Nas nossas comunidades cristãs, no mundo, sempre há dois filhos: alguns, no Batismo, dizem "sim", mas depois, na vida concreta transformam o "sim" em muitos não". Por outro lado, há muitas pessoas que nunca disseram um "sim" explícito para Deus, mas na prática de cada dia, amam o irmão, se sacrificam pelos outros, executam muitas obras de caridade. Estes, ainda que não batizados, são verdadeiros filhos de Deus. Neste ponto sentimo-nos tentados a catalogar os membros da nossa comunidade num dos dois grupos. Não façamos isso! Não vale a pena e não está certo! Cada um de nós, em verdade, às vezes se comporta como o primeiro filho e às vezes como o segundo. Melhor seria se fôssemos como o terceiro filho: aquele que diz "sim" e vai mesmo! Dele não se fala na parábola... mas espero que haja muitos nas nossas comunidades.
Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.
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