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A pobreza crescente e os grandes contrastes. A pobreza e a exclusão, já na Conferência de Medellín, foram vistas pelos bispos como uma ameaça à paz no Continente. Em Puebla, eles constataram o agravamento desta situação e que suas causas não eram conjunturais, mas estruturais, reflexo do sistema neoliberal, imposto aos nossos países. Hoje, o narcotráfico, a violência e a migração são sinais de desespero e têm sido a saída para muitos. Torna-se cada vez mais evidente a necessidade de mudanças estruturais.

A violação dos direitos humanos. Nunca, como atualmente, se teve tanta consciência da dignidade da pessoa humana, mas também nunca como hoje se violou tão sistematicamente os direitos humanos. Menores, mulheres, jovens, indígenas, encarcerados, negros, sem-terra, sem-teto, desempregados e refugiados são as principais vítimas.

A ameaça de um desastre ecológico. Cada vez mais, vamos tomando consciência de que nosso futuro e, especialmente, o futuro das próximas gerações depende do cuidado que dispersarmos à natureza. Há uma estreita relação entre a nossa vida e a vida do planeta. Atentar contra ele, é atentar contra a vida humana. A ordem dada por Deus, para que dominássemos a terra, não nos autoriza a destruí-la.

Pluralismo religioso. Sempre houve na América Latina e no Caribe uma variedade de caminhos religiosos. A grande novidade, hoje, é a proliferação de experiências religiosas de toda a índole e o fato de grande número de pessoas que mudam de religião. Isto exige uma atitude de diálogo respeitoso, como também de profetismo diante de toda a forma de instrumentalização do religioso por interesses ideológicos. Além disso, há também ideologias que distorcem a verdade a respeito do humano, assim como experiências religiosas que vendem felicidade enganosa, fundadas em certas "teologias da prosperidade" e oferta de milagres de todo o gênero.

A massificação e o anonimato no mundo urbano. Estamos presenciando o maior crescimento urbano e populacional de toda a história. Nunca estivemos tão próximos uns dos outros e, ao mesmo tempo, tão solitários e incomunicáveis. É a solidão em meio à multidão. A família, célula da comunidade e da sociedade. É fundamental propiciar à família condições de vida digna, que passa por moradia, trabalho, educação, saúde, assim como pelo respeito à instituição do matrimônio e a vidas nele gerada. A infelicidade em que vive o povo latino-americano é fruto de uma ordem social que acentua as grandes desigualdades, o desemprego, a violência, as drogas, o êxodo e as migrações, a prostituição; de uma ordem cultural acentuadamente materialista, colonialista, escravocrata, individualista, comodista, preconceituosa; de uma ordem religiosa marcada pela dicotomia entre fé e vida e pelo desconhecimento do Evangelho; e, de uma ordem familiar marcada pela desestruturação da família, pela falta de diálogo, de partilha e respeito mútuo. Não há caminho de felicidade fora do plano do Criador, no desrespeito aos direitos dos outros e na agressão à obra de Deus.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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