Quem não gosta de um elogio? Não estão nossas Igrejas tradicionais cheias de inscrições elogiando os generosos doadores dos bancos, dos tijolos, das imagens? O evangelho de hoje nos propõe uma atitude inaceitável a uma pessoa esclarecida, hoje em dia: o empregado não deve reclamar quando, depois de todo o serviço no campo, em vez de ganhar elogio, ele ainda deve servir a janta. Ele é um empregado sem importância, tem de fazer seu serviço, sem discutir. Jesus nos quer ensinar a estar a serviço do Reino sem darmos importância a nós mesmos.

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Ele mesmo dará o exemplo disso, apresentando-se, na Última Ceia, como aquele que serve. Isto não rima com a mentalidade calculista e materialista da nossa sociedade, que procura compensação para tudo que se faz, aliás, compensação superior ao valor daquilo que se fez.

Se levamos a sério a parábola de Jesus, como então ensinamos aos empregados e operários reivindicarem sempre mais, porque se não reivindicam, são explorados? Certamente, Jesus não quer condenar os movimentos de reivindicação. A questão é outra. Ele quer indicar a dedicação integral no servir. Interesse próprio, lucro, reconhecimento, fama, poder... não são do nível do Reino, mas apenas de sobrevivência na sociedade que está aí. A parábola não serve para recusar as reivindicações de justiça social, mas para declarar impróprios os interesses pessoais no serviço do Reino. Convém fazer um sério exame de consciência sobre a retidão e a gratuidade de nossas intenções conscientes e de nossas motivações inconscientes.

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Na Igreja tradicional ou progressista, quanta ambição de poder, quanto querer aparecer, quantas compensaçõezinhas! E mesmo com relação às estruturas da sociedade, a parábola de Jesus hoje nos ensina a não focalizarmos única e exclusivamente as reivindicações. Estas são importantes, no seu devido tempo e lugar, para garantir a justiça e conseguir as transformações necessárias. Mais fundamental, porém, na perspectiva de Deus, é criar o espírito de serviço e disponibilidade que nunca poderá ser pago.

Quem vive no espírito de comunhão nunca achará que está fazendo demais para os outros. "Somos simples servos". Antigamente se traduzia: " Somos servos inúteis". Tal tradução era psicológica e sociologicamente nefasta, pois fomentava a acomodação, além de contraditória, pois servo inútil não serve... Servindo com simplicidade, não em função de compensações egoístas, mas em função da fidelidade e da objetividade, somos muito úteis para o projeto de Deus.