Iniciamos nesta quarta-feira passada a Quaresma, com a Campanha da Fraternidade deste ano. Essa campanha quer, assim, propor um caminho quaresmal de conversão, que leve a optar por um novo estilo de vida, austero, acolhedor e solidário com os pequenos, próprio dos discípulos de Jesus, e por um modelo de desenvolvimento humano construído no respeito e no diálogo com todas as culturas e na convivência carinhosa e cuidadosa com a natureza.
O objetivo geral da Campanha da Fraternidade-2007 é conhecer a realidade em que vivem os povos da Amazônia, sua cultura, seus valores e as agressões que sofrem por causa do atual modelo econômico e cultural, e lançar um chamado à conversão, à solidariedade, a um novo estilo de vida e a um projeto de desenvolvimento à luz dos valores humanos e evangélicos, seguindo a prática de Jesus no cuidado com a vida humana, especialmente a dos mais pobres e com toda a natureza.
Para se atingir o objetivo geral, a Campanha da Fraternidade propõe os seguintes objetivos específicos: promover um conhecimento atualizado e crítico da realidade da Amazônia brasileira, dos seus povos tradicionais e das formações urbanas, no que diz respeito à diversidade de sua história, economia e cultura, superando a desinformação, os preconceitos e as falsas interpretações; denunciar situações e ações que agridem a vida, os povos e o ambiente da Amazônia, como os projetos de dominação político-econômico que perpetuam modelos econômicos colonialistas; apoiar e fortalecer iniciativas corajosas de denúncia das causas da violência e de seus responsáveis, que já fizeram correr sangue no chão da Amazônia; promover a solidariedade e a partilha de experiências, saberes, valores e bens, na construção e difusão de alternativas de convivência diante do modelo consumista neoliberal, contribuindo para o fortalecimento da identidade, da autonomia e da soberania dos povos e das comunidades da Amazônia; estimular a mudança de mentalidade que se expresse num estilo de vida simples, austero, respeitoso do ambiente e do próximo; apoiar e fortalecer a presença e a ação evangelizadora da Igreja na Amazônia, bem como suas iniciativas missionárias e de solidariedade social; incentivar a participação e o controle da sociedade civil, com critérios de gestão socioambiental, na elaboração e implementação das políticas públicas e projetos locais, regionais, nacionais e internacionais, para o desenvolvimento da Amazônia.
A Amazônia é um patrimônio do povo brasileiro em particular e da humanidade em geral; como patrimônio, não pode ser reduzida apenas ao aspecto econômico, uma vez que agrega uma série de outros valores, como o cultural, o medicinal, o paisagístico, o ecológico, o social, o simbólico, o religioso e outros.