Em meio ao estresse de uns, a miséria de outros e a crise internacional, faz bem ouvir uma mensagem de alegria: "Transbordo de alegria por causa do Senhor... Como a terra produz a vegetação e o jardim faz brotar as sementes, assim o Senhor fará brotar a justiça e a glória diante de todas as nações" (Isaías 61,10-11). Geralmente as pessoas têm medo da presença de Deus. Foi preciso que Deus se desse a conhecer de maneira diferente para que superássemos esse medo. Mas esse "Deus diferente" estava escondido. Quem nos prepara para essa descoberta é João Batista, hoje apresentado na ótica do evangelho de João. Ele não é a luz, mas vem testemunhar a luz. A vinda de Jesus ao mundo é como a da chegada da luz.
De si mesmo, Ele disse: "Eu vim como a luz do mundo" (Jo 12,46). Quem primeiro a reconheceu e deu testemunho da sua presença foi João Batista. Por que ele, e não outros, teve essa intuição? Porque ele, diversamente dos guias espirituais do povo de Israel, estava atento à Palavra de Deus e "aos sinais dos tempos". Não tinha o coração empedernido pelos vícios, os olhos cegos pelas paixões, os ouvidos estragados por palavras insensatas ou por conversas vãs.
Quantas luzes enganadoras tentam hoje nos seduzir! Quantas propostas enganosas nos são apresentadas! Neste mundo nunca temos certeza do valor autêntico das realidades que tocamos! Não sabemos que valor atribuir aos bens deste mundo, ao sucesso, à sexualidade, à família, ao estudo, ao lazer, à amizade, ao compromisso com os pobres. São-nos apresentadas muitas sugestões, mas trata-se de lampejos que nunca dissolvem completamente a escuridão e as dúvidas; as perplexidades permanecem e nos angustiam.
Um dia, nós o sabemos, a luz de Deus será irradiada sobre todas as nossas escolhas e então será possível ver claramente quais delas foram sábias e quais não. Já, agora, porém, gostaríamos de ver essa luz do céu. Eis que o Batista no-la indica e dela dá testemunho: é Cristo. Quem abre o seu coração para a sua luz, não deve temer surpresas: ela não desilude, sinaliza os valores autênticos, aqueles pelos quais ninguém se arrependerá de ter empenhado a sua vida. Que significa alegria no mundo de hoje? Réveillon num restaurante cinco estrelas? As primeiras comunidades cristãs viviam na espera da volta gloriosa de Jesus para breve. Era animado pelo Espírito de Deus que os fazia falar até profeticamente.
Por isso era "preciso examinar e ficar com o que fosse bom, pois havia profetas confusos, como hoje. Mas o importante era que reinasse a alegria por causa da proximidade do Senhor. Deus mesmo quer nos aperfeiçoar e santificar. Não desiste: "Quem vos chamou é fiel: Ele o fará. A alegria é saber-se aceito por Deus, como a amada pelo amado. Talvez esta imagem de alegria não convença a todos. É pouco publicitária. Este Domingo do Advento chama-se "Alegrai-vos". Se não formos capazes de participar dessa alegria, esticando o pescoço no alegre desejo de ver aquele que está discretamente presente no meio de nós, alguma coisa não está certa.
Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.
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