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Minha rápida passagem pelas terras do tio Sam foi interessante para lembrar-me do gosto do aluno norte-americano de conhecer o mundo. Com exceções, o aluno brasileiro desliga no momento em que se começa a falar de fora, talvez por um pessimismo que julga improvável uma carreira internacional.

Dedico esta coluna sobre coisas muito grandes ou muito antigas, a esses últimos.

Há dez ou quinze mil anos que temos mudado a constituição genética de plantas, adubando, irrigando e principalmente selecionando as que se saem melhor nesta condição protegida. A consequência é que criamos plantas mimadas. Elas até produzem muito, mas para isso desperdiçam nutrientes e água. Até hoje, as iniciativas para reverter isso eram isoladas, com programas de melhoramento acadêmicos ou de ONGs visando a genótipos selvagens. Recente­mente a Monsanto entrou nesse jogo, criando "pipelines" de variedades que mantêm a produção mesmo com pouco nitrogênio no solo, ou sob secas moderadas. Isso pode melhorar a vida do produtor sem dinheiro para comprar adubo (desde que ele tenha dinheiro para comprar semente). Além disso, nitrogênio consome energia para ser produzido. Cada grama a menos, é menos CO2 emitido.

A entrada das grandes empresas muda as regras do jogo ambiental. Você está preparado?

A Swiss Ré, uma empresa de resseguros (que segura as seguradoras) estimou em 218 bilhões de dólares as perdas com catástrofes em 2010, triplicando o valor de 2009. Diante disso, o aumento de 60% no prêmio pago em relação a 2009 é até pouco e se justifica só porque grande parte dessas catástrofes ocorreu em países subdesenvolvidos, pouco cobertos por seguros.

Seu planejamento de carreira leva em conta o aumento de frequência de catástrofes?

A redução na produção agrícola devido às mudanças climáticas já é perceptível, diz um artigo na revista Science que em breve vamos comentar mais detidamente.

Você está preparado para reduções de produtividade ou, ao contrário, como ouvi nesta semana, acha que só a área de preservação permanente já resolve o caso?

Se você não está preparado para reduções de produtividade, os países ricos, mas sem agricultura estão. 80 milhões de hectares foram ocupados por eles, principalmente na África e Ásia, mas também 8,8 milhões de hectares na América Latina.

Você está preparado para um mundo onde os países mudarão sua geopolítica e acesso ao Sol? O que isso significa para os preços de commodities agrícolas, o que isso significa para o impacto ambiental da agricultura nessas terras "tomadas"?

Se você não está usando a internet para entender e pensar nisso tudo, outros estão, e as melhores oportunidades serão de quem estiver melhor posicionado.

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