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Certo professor universitário afirma na tevê que o efeito estufa não existe. Pouparei você de dizer quantos milhares de pesquisadores pensam diferente porque seria um argumento tão rasteiro quanto os dele. Ciência não se faz com voto ou opinião, mas com fatos.

E os fatos são tantos que posso me dar ao luxo de escolher os mais fotogênicos e intuitivos. Escolha uma montanha gelada, qualquer uma entre as muitas com registros antigos e recentes e tire suas próprias conclusões. Em alguns casos é possível ver diferenças marcantes em meros 10 anos. Os mais preguiçosos encontrarão um exemplo já pronto no blog ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com.

Não é difícil entender porque algumas pessoas desejam defender o indefensável, e não preciso chegar até o TAASC, o lobby das grandes empresas de energia de que já falamos aqui. Neste caso, a ligação é improvável.

Motivo mais provável é que os pesquisadores podemos saber muito, mas não por isso somos menos humanos. Quem não se seduz com a gigantesca platéia de um programa de tevê?

Por seu lado, a televisão precisa de audiência. É esperado, ainda que execrável, que escolham o professor falando maluquices ao outro explicando os detalhes científicos de um aquecimento global tão certo quanto a gravidade. Em 7 bilhões de pessoas não falta gente disposta a afirmar absurdos em rede nacional, basta plateia para que cresçam e apareçam.

Por falar em população, nesta semana um grupo da Universidade de Yale publicou uma pesquisa sobre a opinião dos norte-americanos em relação ao efeito estufa (veja também o link no blog). Os resultados são dúbios. Apesar de ter aumentado para 66% a fração de norte-americanos que acreditam que o efeito estufa está ocorrendo, a porcentagem daqueles que creem que ele é decorrente de atividades humanas caiu para 46% (era 50% em novembro de 2011), o que explica a inação dos governos, o norte-americano entre eles. Governos, ao contrário da ciência, funcionam em termos de votos e opinião, não fatos.

Não é por outro motivo senão interesses individuais do governo e da mídia (para não citar professores aloprados) que estamos de braços cruzados presenciando alterações sem precedentes em nosso planeta.

Mas e o gigantesco encontro do Rio+20 ? Quando é para fazer, se faz. Quando é para enrolar, cria-se uma comissão. Esta será a "reunião da comissão de ambiente".

Na próxima quarta-feira à noite (30/5) estarei na Gazeta do Povo conversando com assinantes sobre ambiente. É uma oportunidade para os que gostam e também para os que desgostam da coluna.

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