O que faz a vida no Afe­­ganistão ser diferente do Japão? Cada um tem sua resposta, mas o melhor resumo é que afegãos vivem em média 44 anos e japoneses 83 e com isso têm a maior expectativa de vida do planeta.

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Muitos países conseguiram enriquecer em dez ou vinte anos porque encontraram alguma riqueza mineral ou pela sua determinação em exportar tudo que produzem. Mas prolongar a vida de seus habitantes é mais complicado. Ninguém pode melhorar a média vivendo mil vezes mais do que o vizinho, ao contrário da riqueza. Prolongar a vida de um povo exige um bom conjunto de saúde, educação e renda.

Oferecer esse tripé para a maior parte da população consome também enorme quantidade de recursos naturais, pois ainda não desenvolvemos um ponto de equilíbrio entre a vida rural no noroeste chinês e a vida urbana ocidental. O sitiante chinês recicla seus resíduos e produz o que precisa com mínimo impacto ambiental per capita, porém com pequena expectativa de vida. Já o cidadão urbano torra recursos até mesmo dormindo, mas por ter acesso à água de qualidade e boa medicina, termina vivendo mais.

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Não há solução fácil para aumentar a expectativa de vida reduzindo o impacto ambiental, mas podemos ao menos copiar os países que fazem mais com menos. Enquanto brasileiros vivem 72 anos em média, peruanos e colombianos vivem 73 e gastam a metade de energia por cabeça. Os vencedores de expectativa de vida na América do Sul são os chilenos, que vivem 79 anos e consomem tanta energia quanto argentinos e mexicanos, que vivem 75 anos. Cada chileno gasta cinco vezes menos energia que um norte-americano, mas ambos vivem o mesmo tanto.

Todos países têm ampliado seus gastos de energia e aumentado sua expectativa de vida, mas de novo alguns conseguem fazer mais com menos. Em 1965, os brasileiros viviam em média 57 anos. O aumento fantástico em 45 anos cobrou o custo de multiplicarmos por quatro nosso consumo de energia per capita. Nossa vida melhorou muito nesse perío­­do, mas as melhorias de fato consomem pouca energia. As quinquilharias desnecessárias, o carro sendo a principal delas, consomem energia, poluem e se podem trazer alguma felicidade é somente porque nossas cidades foram criadas para precisar deles. Em cidades mais inteligentes, po­­de­­ría­­mos ter a alegria de produzir e estar perto de quem gostamos sem precisar gastar preciosas horas de nossas escassas décadas atrás de uma direção.

Mesmo com o aumento da eficiência de energia em todos os âmbitos, sempre precisaremos de alguma para viver e não seria ético – muito menos um pensamento saudável para nossa velhice, imaginar que ampliamos nossa vida às expensas da energia de vida de nossos filhos e netos.

Essa coluna só foi possível por causa de www.gapminder.org

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