No próximo dia 20 o derramamento de óleo do Golfo do México vai fazer seu primeiro aniversário. Como têm se desenrolado a avaliação de impactos ecológicos e as ações na Justiça? Pelo tamanho e visibilidade do caso, essa é uma novela que vale a pena acompanhar porque ela irá determinar o procedimento nos próximos acidentes ambientais ao redor do mundo.
Como em todo caso dessa natureza, há um descompasso entre o que a Justiça precisa saber e nossa compreensão da natureza, mesmo entre os que mais a compreendem.
O primeiro ponto controverso é o tamanho do derramamento. Fontes associadas à BP falam em 4,1 milhões de barris, enquanto outros pesquisadores falam em 4,9 milhões. A diferença equivale a 25 vezes a quantidade que a Petrobras afirma ter derramado em Araucária em 2000.
Esse é o primeiro problema. Cabe à própria raposa dizer quantas galinhas comeu. Há muita atenção ao redor do tamanho do derramamento, mas a verdade é que ignoramos o destino do óleo no ambiente. Mesmo que soubéssemos o tamanho do derramamento com precisão, ainda precisaríamos monitorar para conhecer os efeitos.
E o que está acontecendo?
Os sinais do óleo já não são mais tão visíveis para uma pessoa caminhando na praia, mas se você cavar uns 10 ou 20 cm na areia acima do nível da maré alta, vai encontrar uma camada de óleo da BP (é possível distinguir o óleo da BP de outros). Há também depósito viscosos de óleo também da mesma origem na areia, debaixo da água. Esses depósitos medem desde o tamanho de um prato até 100 metros quadrados e se dispersam da Lousiana até a Flórida.
Há efeitos tóxicos para os animais em vários níveis. A taxa de morte de golfinhos se multiplicou por duas a nove vezes o valor histórico. Um parente da cioba, muito usada na cozinha do Sul dos EUA, também tem aparecido com lesões escuras e problemas nas nadadeiras.
A produção de ostras também se reduziu a menos da metade da de 2009, em parte por causa da poluição, e parte porque o governo da Lousiana rapidamente bombeou grandes quantidades de água do Mississipi nos mangues para evitar a entrada de óleo.
Também os siris azuis têm apresentado uma gosma laranja ainda não identificada em sete estados diferentes. O órgão fiscalizador diz que não há problema com os frutos do mar se forem ingeridos em quantidades normais.
Você comeria uma comida que só não faz mal se for ingerida em quantidades normais? Esse aí é o grande entrave entre leis e natureza. Contaminações podem mostrar efeitos somente no longo prazo. Um dos efeitos de hidrocarbonetos, por exemplo, é o aumento na ocorrência de câncer após décadas.
Os afetados serão recompensados daqui a 20 anos? Há recompensa que pague contrair uma doença fatal?
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