Nesta semana em que estivemos arriscados a retroceder algumas décadas em nossa legislação ambiental tornando o Código Florestal letra morta, evitarei repetir mais uma vez o que tem sido dito (já repeti a primeira vez na frase inicial).
No dia 5/6 a Folha de S.Paulo publicou em sua seção de debates um artigo de Aldo Rebelo e outro de Thomas Lewinsohn, Jean Metzger, Carlos Joly e Ricardo Rodrigues. Jornais precisam vender anúncios e para isso gostam de levantar discussões, mas nesse caso ela não existe.
Aldo Rebelo nunca esteve em uma floresta porque árvore não vota. Ele acredita que estar perto do povo é ser um misto de Bart Simpson e Jeca Tatu. Seu relatório engraçadinho e com fino verniz de cultura não contém dados concretos de fontes fidedignas porque, se o fizesse, colocaria em risco os empregos de seus compadres (Dilma precisa do apoio da bancada ruralista para eleger-se e com isso manter os milhares de cargos de confiança). Antes, respeitava-o ao menos pela capacidade de ser fiel a uma causa, mas um comunista ligado ao agronegócio não merece respeito.
Os quatro professores que assinam o artigo em contrário somam mais de 130 anos de dedicação integral a questões ambientais. Seus salários não serão subtraídos em um centavo mesmo que a Câmara aprove este assassinato do Código.
Como prometi no título, esta não é uma coluna sobre o Código Florestal. É sobre nosso gosto pela ignorância, demonstrado por um jornal de alcance nacional que coloca troca de favores e conhecimento em mesmo nível.
Políticos sabem como é a coisa. Gente como Lula e Sarah Palin se fez alardeando sua ignorância e, não perdoe o jogo de palavras, estão fazendo escola. Por que não copiamos o exemplo de Ângela Merkel, a chanceler alemã doutora em química quântica?
A troca de favores é comum até mesmo dentro das escolas: "Faça networking em nosso curso de pós". Em português claro: Não gaste sua energia estudando, você vai se dar bem usando as amizades que fará aqui. Mas quem criará o IPhone para fazer o networking se ninguém quer de fato estudar?
É o momento de distinguirmos entre ignorância e sensibilidade com a ignorância. Devemos afastar-nos da ignorância por inúmeros motivos, e entre eles, o de aumentar nossa sensibilidade com aqueles que tiveram menos oportunidades (e que serão os maiores prejudicados com a alteração do Código Florestal).
Não faz sentido mantermos caríssimo sistema universitário se interesses escusos e conhecimento se igualam na hora da decisão.
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