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Neste fim de ano pouparei você do cliché "Natal não é consumismo".

Quero, ao contrário da corrente de bondade artificial dos e-mails de feliz natal copiados para centenas de pessoas e o sorriso estampado de vendedor de sapatos, lembrar o pior do ser humano. O mais miserável, individualista e egoísta de todos, o Tio Patinhas.

O personagem muito conhecido dos mais velhos foi "inspirado" em um conto de Dickens, que, por ser antigo, já tinha seus direitos autorais expirados, como quase tudo de Disney.

Indo diretamente à fonte, Ebenezer Scrooge era um homem que não dava esmolas nem no Natal. Falta de bondade ou o verdadeiro espírito natalino? O que aconteceria se ninguém mais desse esmola? Mesmo com poucos recursos físicos ou mentais, sempre haverá algo que uma pessoa possa fazer. E sempre será melhor para ela que ganhe por seu trabalho que pela pena alheia, que também se torna escassa no dia 26 quando as atenções se voltam para a balada da virada do ano.

Assistentes sociais ao redor do mundo trabalham para tirar as pessoas da indústria da esmola. Ebenezer Scrooge pensou nisto já no século 19.

O personagem também "não queria ter ninguém o servindo". É desumano apartar uma pessoa de sua família na noite de Natal para não darmos dois passos até a mesa mais próxima. No resto do ano também há uma infinidade de coisas mais úteis para fazer do que limpar a sujeira alheia, que aliás é sempre muito menor quando a gente sabe que vai ter que limpar depois.

O dinheiro é a parte mais interessante. A tese atual é que gastar é bom, move a economia e gera riqueza. As torres gêmeas caíram e o presidente norte-americano veio à tevê pedir para as pessoas gastarem. Sete anos depois entraram em uma fria da qual ainda não sabem quando sairão.

Quando você compra algo, está beneficiando quem lhe vendeu, mas prejudicando todo o resto do mundo que terá de arcar com a poluição gerada. Quando guarda, está emprestando para que alguém em algum lugar inicie um negócio, empregue pessoas e gere mais riqueza que os juros que você vai ganhar. Mesmo ao colocar dinheiro no colchão, você está dando sua contribuição para que os preços baixem de maneira generalizada. Porque concentrar o bem com uma única pessoa se é possível dispersá-lo para toda a gente?

O verdadeiro espírito de Natal está no pão-durismo.

Velhinho de vermelho por velhinho de vermelho, neste Natal tire da sua árvore de Natal o garoto propaganda da Coca-Cola e o substitua pelo personagem de Disney. Melhor um mal-humorado bom de fato do que um sorridente falso.

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