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Plantas fazem fotossíntese e com isso retiram carbono do ar para crescer. Para os de­­­­savisados, isso poderia re­­solver o problema do efeito estufa.

Uma árvore compensa a queima de centenas de litros de combustível ? Já fizemos esta conta aqui há meses (veja no blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/). Trocando em miúdos, precisaríamos de vários outros planetas florestados para que a conta fechasse porque estamos queimando em cem anos um carbono que foi acumulado por centenas de milênios. Torramos desvairadamente uma poupança lentamente construída pelos nossos antepassados.

Por lidar com plantas, a agricultura é frequentemente lembrada como solução para o problema (desperdiçamos tempo escolhendo qual a melhor solução, quando na verdade precisamos de todas juntas para talvez resolvê-lo). Poucos lembram que infelizmente, hoje em dia gasta-se muito combustível fóssil até para lidar com plantas.

Aumentamos a eficiência energética da produção de alimentos quando deixamos de ser caçadores coletores. Afinal, passamos a ter um monte de plantas próximas a nós. Mas desde então só fizemos aumentar o aporte de insumos na agricultura. Água, esterco, revolvimento de solo... Tudo é energia colocada na agricultura para mimar nossas plantas. O problema nem era tão sério em um mundo de 300 milhões de habitantes, mas agora com 7 bilhões e a possibilidade de carrear recursos de todo planeta (e também do passado, como o petróleo e outros recursos minerais), nossa agricultura é hoje muito mais parte do problema que da solução.

Muitos produtos agrícolas consomem hoje até dez vezes mais energia para serem produzidos que seu conteúdo, e isto ainda não é a história toda. Depois de produzido o alimento é embalado, transportado, refrigerado e desperdiçado, tudo necessário para que possamos comer Camembert dali ou Shitake de acolá.

Se colocarmos nossa cabeça para funcionar, ao invés do avião, todas regiões brasileiras têm possibilidade de produzir uma alimentação digna ao longo do ano. Além de reduzir a pegada ecológica da agricultura, isso talvez trouxesse de volta alguma riqueza no contato entre estas culturas. É enfadonho andar milhares de quilômetros para comer exatamente o que comemos em casa.

Como a agricultura tem uma pegada ecológica grande, as soluções ambientais baseadas nela não são de fato soluções. O plástico feito a partir de álcool, por exemplo, precisa de nitrato para adubar a cana, e nitrato demanda o bom e velho petróleo para sua produção, conforme me lembrou o amigo Fabio Yamashita da UEL.

Não há jeito de escapar da segunda lei da termodinâmica. Não há como gastar menos gastando mais. Não sairemos desta enquanto não fizermos mais com menos. Nenhuma indústria irá dizer para você consumir menos, transportar menos ou viver mais simples e menor.

Ao fim e ao cabo, esta é a única solução.

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