Em outubro seremos 7 bilhões de pessoas no planeta e a efeméride nos faz pensar sobre os problemas da superpopulação no planeta. Se você, como meu colega Otávio Abisaab, acha que todos os problemas de nosso planeta são causados por essa quantidade enorme de gente, então você precisa rever seus conceitos.
Os números do aumento de população impressionam à primeira vista. Desde tempos imemoriais éramos 300 milhões, algo como um Brasil e meio, mas com o planeta inteiro para si. A partir da revolução industrial essa reta decolou como um foguete. Em 2001 passamos a ser 6 bilhões e em dez anos acumulamos outro bilhão de pessoas.
Descobri um raciocínio útil para sabermos se nossos problemas se devem mais à superpopulação que ao superconsumo. De acordo com dados do Banco Mundial, o consumo planetário aumentou 6 vezes entre 1960 e 2006, enquanto a população aumentou 2,2 vezes. Arrendondando, temos então um terço do problema pelo aumento de população e outros dois terços pelo aumento do consumo.
Um outro modo de olhar para o problema é usar as estatísticas bem desenvolvidas que apareceram para emissões de carbono. Um trabalho recente na revista PNAS mostra que os 6% mais ricos do planeta emitem a metade do carbono enquanto a metade mais pobre emite 6% do carbono. E, curiosamente, 6% da população na época do estudo (2003) é aproximadamente a população planetária até a revolução industrial. Ao contrário de nossos antepassados, estes 300 milhões de afluentes usam carro, avião, comem muita carne e regam seus gramados com água potável.
Para você saber se está nesse grupo (cada um dos 7 bilhões é a régua do mundo), eu juntei dados de distribuição de renda mundial à curva de distribuição de carbono. Os 300 milhões mais ricos do mundo ganham acima de uns R$ 4.500 por mês. Não seria leviano acusar de poluidores todos que ganham acima de R$ 4.500?
Em 7 bilhões de pessoas há toda sorte de exceções e peço desculpas antecipadamente a esses casos. No entanto, são muito poucas as pessoas que abdicam de consumir, tendo recursos para tanto. Consumimos no limite de nossos bolsos, não de nosso planeta. Como há alguns poucos bolsos muito grandes, eles terminam também sendo responsáveis por grande parte de nossos problemas.
O exercício intelectual está feito (incluí mais detalhes em meu blog), mas ele nos leva a uma conclusão fora da realidade.
"Se pudesse escolher, antes limitaria o consumo das pessoas que sua quantidade de filhos." Na vida real temos pouco controle sobre ambos e, portanto, precisamos atuar em ambas as frentes para evitar voltarmos a ser 300 milhões passando calor, fome e sede em uma versão muito piorada da Terra de nossos antepassados.
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