Muita gente deve ter lido o título pensando que estou atrás de uma escolinha ambientalista para meu filho, com hortinha, composteira e espantalho, um sonho idílico medieval, viver do que a terra nos dá etc. Nada disso.
Os pequenos precisam plantar porque lhes falta ainda a capacidade subjetiva para compreender o mundo inteiro, mas poderão fazê-lo por meio de uma metáfora com algo próximo. Nada mais familiar para uma criança do que a comida.
Plantar mostra que as coisas não aparecem do nada. Para chegar à comida, são necessárias várias etapas, todas envolvendo trabalho. Aprenderão também que o trabalho pode ser uma brincadeira.
Algumas escolas, ao contrário, enfatizam a interação com computadores desde tenra idade, o que me parece uma preocupação com um tempo de computadores complicados. Não só eles ficaram mais dóceis, como também têm algo de mágico. Basta um clique para tudo aparecer ou sumir. É uma metáfora positiva?
A consequência é que mais tarde vemos na universidade jovens adultos que acreditam poder terceirizar seu raciocínio para uma máquina. Não há aqui nenhum discurso anticomputadores, ao contrário: meu trabalho estaria hoje impossibilitado sem eles. Já pensou em escrever uma coluna à mão e mandar para o jornal por correio? Assim como o dinheiro, computadores são excelentes servos mas péssimos senhores.
E onde fica o ambiente em tudo isso? Um cidadão que entenda que as coisas não aparecem do nada, mais tarde perceberá que para fazer as coisas do jeito certo, precisará trabalhar. O lixo não desaparece da calçada, não se queima combustível fóssil sem efeitos. Não se usa produtos florestais sem consequências. Tudo está ligado, assim como a semente e o alface.
Só as escolas devem ter hortas? Obrigar nossos filhos a fazer o que não fazemos não é educação, é crueldade. A agricultura deve estar nas cidades porque ela é uma destinação perfeita para os resíduos urbanos, porque melhora a alimentação das pessoas, reduz o impacto ambiental do transporte de alimentos e deixa as cidades melhores de se viver.
A empresa Solefood de Vancouver, Canadá, está ocupando áreas urbanas com pouco uso. As áreas, geralmente asfaltadas, são cobertas com caixas de madeira cheias de solo orgânico. (Veja no blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com.br/ uma imagem de um estacionamento da Vila Olímpica de Vancouver sendo invadido por canteiros).
Resumindo: troque seu vaso de samambaia por um de salsinha.