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De vez em quando um empresário resolve fazer um show pela conservação do planeta, por um mundo melhor ou pela causa mais à mão. Em breve teremos baile funk em prol da educação sexual, semana de caça para a conservação das espécies e distribuição de tevês pela leitura.

A coisa começou no milênio passado com os jantares beneficentes em prol das crianças famintas. Apesar do paradoxo, os resultados concretos fizeram a técnica multiplicar-se, mas em suas versões recentes falta o fundamental: prestação de contas.

O SWU foi o evento do momento. Recomendo uma visita ao site com espírito crítico para aprender com as derrapadas ambientais. Estava lá que "demos preferência para materiais de baixo impacto na construção" Para mim isto significa "deixaremos de fazer o show se não encontrarmos materiais adequados". E para você? E para eles? Encontrei o repórter SWU dizendo que guardanapo deve ser descartado junto com todos papéis.

Manifestações culturais de­­vem ser estimuladas e elas valem o impacto ambiental que causam, mas assim como os empresários, devemos manter a contabilidade precisa. Por melhor que seja o site ou o falatório, gastos não se transformarão em lucros. Uma fileira de tambores para coletar lixo reciclável nem de longe dá a esse evento a chancela de "verde". Talvez, de acordo com a lei.

Além do SWU também a Suzano Papel e Celulose tenta transmutar passivos ambientais na base da conversa. A revista Época de 20/09 traz imensa matéria com empresas (anunciantes, diga-se de passagem) candidatas ao prêmio Época de Mudanças Climáticas.

Tentar convencer que um plantio de eucalipto no Sul da Bahia é positivo pelo seu potencial fixador de carbono é mentiroso. Esse é o local de maior diversidade arbórea do mundo. Se a Suzano realmente desejasse cooperar para a sustentabilidade do planeta, traria a verdade à tona. Produzir papel causa impacto ambiental, muitos aliás. Estamos tentando produzir um papel de menor impacto já que a população não consegue deixar de usá-lo. Os que são contra que comecem não usando papel!

Outros candidatos são a Mineradora Vale querendo ma­­quiar 1,5 milhão de hectares de palma na Amazônia, ou o Banco Itaú faturando até com sua atualização informática, dizendo que os seus novos monitores LCD consomem menos energia que os CRT. O Itaú merece agora um prêmio por tentar economizar na conta de luz e nos processos trabalhistas?

Mentiras travestidas de "gerenciamento da informação" exigirão perspicácia do público para percebê-las, porque as empresas compram a mídia com seus anúncios, incluindo os colunistas, algumas até de maneira pouco sutil como tenho percebido agora que esta coluna teve sua divulgação ampliada.

Não acreditem em ninguém, principalmente em mim !

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