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Tenho viajado muito mais do que gostaria e o jeito de defender parcialmente minha sanidade mental é adotando rituais.

O que mais gosto é ler atentamente aquela bobajada presente em todo banheiro de hotel sobre o consumo de água do planeta e a lavagem de toalhas. Se você é amigo da água do planeta, deixe a toalha em qualquer lugar (e o hotel economiza uma lavagem), se você é inimigo da água do planeta, jogue a toalha no chão, tal qual um huno ensandecido.

A hotelaria e a construção civil têm dado passos espertos para ocupar o nicho de mercado do ambientalismo light e mimado das multidões que até acham a natureza bonitinha, mas não mexem seus nada light traseirinhos para coisa alguma.

São "grandes" mudanças instalar a torneirinha que desliga depois de alguns segundos ou o vaso sanitário com dois botões? Porque é "ambiental" não usar ar condicionado? Os árabes faziam muito melhor há milhares de anos. Projetar sem refrigeração ou calefação no século 21 não é "ambiental" e muito menos novo. É somente sensato.

Para ser "chique" agora é necessário ter umas pinceladas ambientais, tal qual um acessório de marca. Um revestimento de madeira aqui, um certificado ambiental ali e voilá! Aqui você pode tomar um café de R$ 15 e comprar quinquilharias porque é ecológico.

Os ganhos marginais possíveis sem mudar nosso modo de vida levarão a mais do mesmo: gastos crescentes de energia e recursos naturais.

A revolução necessária não é só possível, já está acontecendo.

Em Seattle, a Fundação Bullitt irá mudar-se para o primeiro prédio sem consumo de energia, água ou produção de resíduos, e não há nisso nenhuma tecnologia nova. A água virá da chuva, a energia virá de células fotovoltaicas que tomam todo o telhado do prédio, além de um enorme beiral que também protege o prédio do sol. As escadas, chamadas de "irresistíveis" foram feitas para desestimular o uso de elevadores e estimular a saúde não só do prédio, mas também das pessoas que vivem nele. A limpeza será feita de dia, para não gastar luz. A refrigeração no verão, assim como o aquecimento no inverno, será feita passando um fluxo de ar por tubos enterrados, já que o solo é quente no inverno e frio no verão.

É chegado o momento de nos interessarmos mais pelo consumo de recursos naturais dos prédios e menos com os certificados, acompanhados de seus vícios originais. O bolso que paga o certificado é o mesmo que constrói. Quem paga manda e quem recebe obedece.

Para mudar o jogo, precisamos mais que torneiras com timer, madeira e certificado na parede, todas essas formas alternativas de jogar a toalha. Precisamos revolucionar os prédios onde vivemos. Vejam alguns escritórios e casas realmente inovadores em meu blog: http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com

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