O ano de 2017 tem sido incrível, politicamente falando. Os inícios de mandato de João Dória e Donald Trump têm mantido a imprensa ocupada de todas as maneiras. Os setores esquerdistas da mídia se ocupam de fabricar difamações e distorções das medidas tomadas pelos dois gestores, e os de direita tentam manter o ritmo acelerado de novidades. Mas, imprensa à parte, vale a pena explorar um pouco o que esses dois empresários têm feito em tão pouco tempo de mandato, e o que está por trás dessa rapidez e eficiência.
À frente da prefeitura de São Paulo, comandando o terceiro maior orçamento do Brasil (R$ 54,69 bilhões), João Dória Júnior tem mostrado uma vitalidade fora do comum – ele, seu vice e seus secretários parecem estar em todo lugar, a toda hora. Eleito apesar do nariz torcido da cúpula tucana, que só apoiou sua candidatura após a vitória, Dória trabalha num ritmo alucinante, como todo bom gestor em início de empresa costuma fazer. Quem já abriu seu próprio negócio sabe do que estou falando: muitas horas de trabalho por dia, muitos problemas para resolver, múltiplos fatores de risco ao negócio, competidores de olhos arregalados com a chegada da novidade etc. Logo em seu primeiro dia, ele apareceu às 5h30 na Praça 14 Bis, vestido de gari, para iniciar o primeiro programa de seu governo, o Cidade Linda. Na sequência, ordenou a devolução de todos os carros alugados da prefeitura, gerando uma economia prevista de R$ 10 milhões por mês.
Em relação à sua equipe de trabalho, o novo prefeito aplica as mesmas regras às quais eu e você, leitor, temos de nos submeter em nossos empregos: penalidades para atrasos, ou seja, exigência de comprometimento e disciplina nas relações do trabalho. E, para o terror daqueles funcionários acostumados ao descaso da administração petista, ele tem aparecido de surpresa nos mais diversos locais, numa espécie de “flagra da vagabundagem”. Além disso, utilizando-se da premissa de que todo empresário busca obter o melhor resultado com o menor uso possível de recursos, Dória fechou diversas parcerias com a iniciativa privada, sem custo para o erário municipal, que resultaram em benefícios imediatos para a população paulistana. As intervenções do novo prefeito são diárias e repletas de cobertura tanto da mídia tradicional como das redes sociais, no intuito claro de provocar mudanças em curto período de tempo, ganhar o apoio da população e reduzir a pó o legado de seu antecessor.
O brasileiro é ensinado que o capitalismo é ruim e que os empresários são maus e aproveitadores
E o que dizer de Donald Trump? O presidente americano, que tomou posse no último dia 20, tem dormido apenas três horas por dia e trabalhado no restante. Ao contrário de Barack Obama, que cumpriu menos de 50% das promessas que fez durante sua campanha em 2008, Donald Trump tem sinalizado que fará o máximo possível do que prometeu nos últimos meses. O empresário de Nova York já começou a chocar seus adversários políticos na primeira semana de mandato: emitiu uma ordem executiva para que as agências federais diminuam o fardo regulatório do Obamacare, exigindo que as mesmas renunciem, adiem ou concedam exceções à implementação de qualquer provisão ou requisito que incorra em custo sobre indivíduos, famílias e empresas da área de saúde; impôs o congelamento de contratações para o governo federal, com a exclusão das forças armadas; suspendeu a execução de toda e qualquer regulamentação em processo de aprovação, impedindo que diversas das ordens executivas assinadas por Obama em seus últimos dias de mandato permaneçam em vigor; restabeleceu a proibição de alocação de fundos federais para grupos que realizem abortos ou que atuem como lobistas para a legalização ou promoção do aborto; retirou os Estados Unidos da Parceria Transpacífico, um acordo comercial ineficiente e burocrático com nenhuma vantagem para os americanos; exigiu celeridade na aprovação de projetos de infraestrutura de alta prioridade por parte do Conselho de Qualidade Ambiental da Casa Branca; além de diversas outras ações que simplesmente não caberiam nesta coluna. A mais recente delas, logo antes do fechamento desta coluna, foi o pontapé inicial na construção do muro na fronteira com o México. Nos próximos dias ele deve anunciar a suspensão da admissão de refugiados provenientes de países que abriguem grupos radicais islâmicos e a indicação de um juiz conservador para a vaga de Antonin Scalia na Suprema Corte.
O brasileiro é ensinado, nas escolas públicas e privadas, que o capitalismo é ruim e que os empresários são maus e aproveitadores. Aprendemos que os ricos só se importam com dinheiro e que os bilionários são o câncer do mundo. Nenhuma escola ensina que toda a riqueza criada vem das mãos desses “malvadões”. Alguns dias atrás estava comentando isso com minha esposa. Estávamos tentando enxergar a vastidão da riqueza criada por Bill Gates, fundador da Microsoft. Quantas pessoas devem seu ganha-pão às ideias de Gates? Uma multidão de gente que instala, desenvolve e dá manutenção em softwares na plataforma Windows; uma miríade de técnicos que montam e consertam computadores pessoais; fabricantes de computadores, tablets e celulares; e muitas outras categorias de profissionais ligados à informática. Os quase US$ 100 bilhões de Bill Gates soam como uma imoralidade para os esquerdistas, mas os milhões de pessoas que têm hoje uma carreira, um emprego e um salário por causa desses US$ 100 bilhões são simplesmente ignorados por esse pessoal. O mercado faz essa “mágica”, criando um absurdo de riqueza de dentro de uma simples garagem. O Estado, inchado e ineficaz, faz o contrário.
Nosso planetinha, tão afetado pela ação irresponsável de governantes aproveitadores e incapazes, poderia se beneficiar muito da presença de mais empresários competentes na direção de cidades, estados e países. É claro que Dória e Trump não manterão um ritmo louco de novidades e realizações pelos próximos quatro anos. Mas, pelo que temos visto, devem fazer mais nos primeiros 100 dias do que seus antecessores em toda a extensão de seus mandatos. Se daqui a quatro anos, por causa do bom exemplo desses dois, mais pessoas entenderem que um bom gestor público é aquele que menos lhes atrapalha, que cria condições para que cada cidadão cuide de si mesmo e de seus dependentes sem nenhuma esmola do Estado, teremos muito a comemorar. Essa mentalidade é a única cura para o estatismo paralisante em que vivemos hoje.