Fim de 2012. Luciano Ducci entregava a Prefeitura em péssimas condições. Para ficar só num exemplo, as empresas responsáveis por serviços de limpeza e roçada estavam sem receber havia meses, com risco de interrupção total do serviço. O mato alto e a sujeira tomavam conta da cidade. Enquanto isso, o prefeito deixava para seu sucessor as calçadas de granito para serem instaladas na Avenida Batel. Lembra-se disso? Ainda bem o novo prefeito se recusou, colocando calçadas comuns. Decisão sábia.
Gustavo Fruet se elegeu com discurso de responsabilidade fiscal, de esforço para sanear as contas descontroladas e permitir novos investimentos. Infelizmente, falhou. Ainda que tenha dado um azar danado de a crise econômica prejudicar a arrecadação, nada justifica que esteja entregando a Prefeitura praticamente como a recebeu de Ducci, com mais de R$ 400 milhões em dívidas, segundo levantamento desta Gazeta do Povo. E nem sequer se sabe ao certo o tamanho do rombo, pois até pelo menos o dia 14 de dezembro não haviam sido passadas informações exatas sobre as finanças do município. A única certeza é que a situação está muito feia; afinal, cortou-se o que se podia nesses últimos momentos do governo, sendo que na última semana do ano a Prefeitura literalmente fechou as portas. Triste fim mesmo.
As primeiras medidas de qualquer governante dão o tom e o sentido que deseja à sua gestão
E lá vem o novo alcaide. Rafael Greca conseguirá fazer mais e melhor? Deus queira que sim. Como Fruet, está começando bem. Reduziu o número de secretarias, funções gratificadas e cargos comissionados e adiou a realização da Oficina de Música (que ocorreria agora, em janeiro) por ausência de provisionamento financeiro da gestão passada. Segundo o prefeito, a preferência será pela área da saúde, a mais crítica segundo a própria população. Depois, com dinheiro, vem a cultura. Difícil discordar. Para alguns, porém, a decisão seria populista e não se justificaria porque o valor da Oficina não representaria nada muito significativo, não valendo mais do que algumas horas do serviço de saúde prestado pela Prefeitura. O prefeito rebateu dizendo que o valor proverá 212 medicamentos para diabete, hipertensão, alívio a dores e toda a pediatria até março. Será seu primeiro decreto. Se for isso mesmo, não é pouca coisa, qualquer um há de convir.
De que é lamentável o adiamento não há dúvida, mas quando o prefeito anterior, no apagar das luzes, cancela o edital Livre do Fundo Municipal de Cultura que destinaria R$ 2 milhões para a área – valor equivalente ao da Oficina – com a justificativa da necessidade de redução de custos, fica difícil acreditar exista dinheiro para esta Oficina, não?
Mas, ainda que essa quantia fosse irrisória, o valor da decisão do novo prefeito é, por óbvio, simbólico. É disso que se trata as primeiras medidas de qualquer governante, dando o tom e o sentido que deseja à sua gestão. Greca, além de adiar a Oficina de Música e usar o dinheiro para compra de medicamentos, também prometeu um grande mutirão de limpeza da cidade. São os grandes símbolos escolhidos a orientar sua gestão. Gustavo Fruet teve o seu símbolo, aliás. Seu primeiro ato como prefeito foi ir de bicicleta à Prefeitura no dia de sua posse. De fato, governou para as bicicletas, encerrando sua gestão entregando o dobro de vias cicláveis. É uma pena, apenas, que encontremos tantos ciclistas pelas novas “ciclovias” quanto dinheiro provisionado para a Oficina de Música. Enfim, símbolo por símbolo, prefiro bem mais um de investimento em saúde e limpeza da cidade, e você?
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