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A ONU anda preocupada com a liberdade de expressão dentro das escolas e faculdades brasileiras. Semana passada enviaram um alerta a esse respeito ao país, dando um prazo de 60 dias para que o governo aponte algum tipo de evidência empírica que justifique a necessidade de uma lei como a proposta pelo “Escola sem Partido”. Existem, infelizmente. Tivemos dois casos recentes.

Alguns docentes do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá emitiram nota pública condenando a publicação de um livro sobre a ditadura militar, de autoria de dois de seus “colegas”. Segundo os signatários, a obra justificaria a ditadura, fazendo uso de livros com versões dos militares.

Que absurdo, não? É claro que não se pode estudar nas faculdades de História todas as versões dos atores da ditadura militar. Faculdades de História têm lado, e não é o dos milicos, ora essa! Logo, é preciso impedir que qualquer versão diferente daquela defendida e representada pelos signatários da nota seja divulgada, conhecida e analisada em sala de aula, sob pena de os alunos não serem doutrinados como deveriam.

Tudo tem limite e o que quer que venha à nossa direita não pode ser aceito, é evidente

Além disso, denunciaram que alguns docentes incluíram, na bibliografia da disciplina de História do Brasil III, “obras de Olavo de Carvalho, de Carlos Brilhante Ustra e de algumas nulidades intelectuais, como o autor dos guias politicamente incorretos da história”. Mas o que é isso, gente? Onde vamos parar? Somos pela liberdade de expressão, pela pluralidade, mas nem tanto! Tudo tem limite e o que quer que venha à nossa direita não pode ser aceito, é evidente.

Infelizmente, os signatários foram tímidos, não exigiram providências da reitoria para censurar o livro dos “colegas” e guilhotinar a bibliografia indicada, punindo os responsáveis que ousaram pensar diferente. Tempos bicudos em que a direita anda à solta e não é mais possível calá-la como antes. Só se pode alertar para o perigo da existência de pensamento de direita, algo intolerável, por óbvio.

O outro caso aconteceu no grupo do Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas e Desenvolvimento Humano (Nuped), vinculado ao Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da PUCPR. Um dos coordenadores, Emerson Gabardo, publicou no grupo fechado criado no Facebook um texto dizendo que “a liberdade acadêmica e científica (...) não é absoluta”. Logo, segundo ele, “isso implica a absoluta incompatibilidade de membros do grupo defenderem, aceitarem, curtirem, aplaudirem ou promoverem de qualquer forma indivíduos como Jair Bolsonaro. Membros do nosso grupo curtindo Bolsonaro ou assemelhados no Facebook prejudicam nossa imagem”.

Ele está certo, claro. Se ainda fosse para curtir Fidel Castro, Nicolás Maduro, Jean Wyllys, Stalin, vá lá!, mas Bolsonaro e assemelhados não dá, é intolerável. Essa minoria não pode ter voz dentro do Nuped, não pode nem sequer ser estudada e analisada, salvo se for para condenar. Com acerto, portanto, ele finalizou o texto mandando o(s) curtidor(es) do Bolsonaro sair do grupo. Pena a PUCPR esteja tão atrasada que ainda não permita expulsão sumária para casos assim. Seria o ideal, não?

Então, se alguém do governo brasileiro estiver me lendo, por favor, envie esses dois casos à ONU para provar a existência de doutrinação nas escolas e faculdades, pois há direitistas infiltrados indicando bibliografias e curtindo o Bolsonaro no Facebook. Se queremos nossos professores e alunos livres para pensar e se expressar somente conforme o que manda a esquerda, é preciso evitar que nossas escolas tenham mais de um partido.

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