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Friedmann Wendpap

Climatério

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Na semana passada ocorreu a Conferência de Câmbio Climático da ONU em Varsóvia e, como filme repetido em relação às pretéritas, a montanha pariu um rato. Durante a edição de 2009, em Copenhague, a presidente da conferência, ministra do Meio Ambiente da Dinamarca, foi demitida no meio do evento. Curiosamente, na sessão polaca houve situação semelhante, deixando a sensação de veleiro sem vento e os debates sem fecho.

Nos anos 70 a mídia veiculava teses de que nova era glacial estava em via de acontecer; depois houve pânico com os anúncios de que meteoros gigantes destruiriam a civilização; isso adicionado ao medo latente da catástrofe nuclear, com filmes ao estilo The Day After e Mad Max, que incrementavam os temores imaginários com cenas de selvageria pela sobrevivência depois do apocalipse. Quando o perigo real das bombas acabou, ficamos meio zonzos, sem ter medo de que o mundo acabe logo. Não entra na cachola que o planeta vai durar para sempre. Todas as coletividades e indivíduos projetam a sua finitude para o mundo.

Suprindo esse vácuo pesado da eternidade surgiram indícios de mudanças climáticas decorrentes de aquecimento dos oceanos e da atmosfera. A discussão científica mal começara e já surgiu a convicção de que a civilização industrial nos levaria para o buraco. A palavra "antrópico" ganhou foros de boteco e calorosas discussões sobre a causa do câmbio climático esquentavam emoções até em festinhas de aniversário de criança. Ninguém nem sequer parava para dizer que os dados ainda são de período relativamente curto para fazer projeções de que a temperatura vai subir tanto ou quanto.

Azar de quem dissesse: gente, para com esse debate porque não há informação suficiente! A necessidade ansiosa de ter medo do fim do mundo para preencher o pavor da perpetuidade impede argumento racional. Como viver com a certeza de que cada um de nós vai acabar, virar pó, e a Terra continuará rotacionando, transladando, sem tomar conhecimento de que não fenecemos?

Quem estava meio sem discurso para atacar o capitalismo, sistema econômico vivenciado por parcela minúscula da humanidade, achou mote novo para ficar indignado, posando de mocinho contra os bandidos ambientais. O mito do bon sauvage ressurgiu forte na idolatria das comunidades tradicionais, elevadas à condição de amigas da natureza, dotadas da sabedoria mítica de se comunicar com Gaia, o espírito vivo do planeta. Ai, meu Deus, meus sais! Avatar, com os humanos maldosos e os smurfs azuis gigantes, fez o arremate desse delírio.

Não há certeza científica de que esteja havendo aquecimento global. O conjunto de indícios converge para essa tese e, ainda no terreno da conjectura, as tempestades têm se tornado mais violentas por causa do calor. A falta de registros remotos sobre as tormentas dificulta a afirmação peremptória da magnificação. Talvez os furacões sejam os mesmos de antigamente, só que agora há muita gente onde antes havia o nada.

Pois bem. As reuniões diplomáticas vão continuar como flatus vocis (prefiro não traduzir) até que a ciência diga com exatidão se há climatério e se existe reposição hormonal para manter a fertilidade da Mama Terra em plena menopausa.

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