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Dez anos! Eu estava navegando na internet e vi, em tempo real, a colisão do avião na torre sul. As pessoas pensaram que a trombada na norte fosse acidente e não fugiram do prédio sul ainda intacto. Viram a morte chegar. Dor, famílias enlutadas em vários lugares do mundo. O sofrimento foi transmitido pelas imagens que valem mais do que mil palavras. Quem viu não esquece. As torres eram retrato da diversidade étnica e cultural do planeta. Nesse tópico, o atentando foi fundamentalista. Do Pentágono não há cenas. Alvo militar e sem vídeo-registro, o esquecimento veio rápido. O quarto avião não chegou à Casa Branca. Se chegasse, comporia a parte bélica do ataque.

O grande marco da história recente ocorreu em 1991, quando a bandeira vermelha da foice e martelo foi arriada e a tricolor hasteada no Kremlin, encerrando o projeto de engenharia social mais complexo já implementado. A criação do homem socialista, capaz de optar sempre pela cooperação – santo ateu – impactou profundamente a vida de milhões ao longo de 70 anos. Violência contra a natureza humana praticada em microdoses diárias, ao compelir estranhos a partilhar o mesmo teto, e também em eventos espetaculares, como as migrações forçadas de povos inteiros. O império soviético, construído para conduzir os homens ao paraíso do comunismo, implodiu sob o peso da artificialidade do ideário que o erigira.

Em 2001, com o ataque-espetáculo, imaginou-se a queda do império americano, hegemônico depois do fim do mundo binário. As explicações para a agressão alcançam o apoio a Israel, a ditaduras seculares no mundo árabe, vingar humilhações difusas. A rigor, a ideia central era agredir o modo de vida, tido por devasso, acelerando a chegada do tempo dos puros que vivem conforme a literalidade das regras anunciadas pelos profetas. Outras vestes do projeto de modelar as pessoas aos ideais dos crentes que trombeteiam o único modo correto de viver. À Procusto, torturam os indivíduos para que se ajustem às medidas que julgam corretas. Quem age de modo violento imaginando que está a serviço da felicidade futura da vítima não tem freios de consciência. Dos algozes, é o mais perigoso.

Duroselle diz que todo império perecerá. Quedas bruscas decorrem de subidas súbitas. A genialidade de Alexandre construiu o reino que se esfacelou imediatamente após sua morte. Aclives graduais resultam em declives suaves. É certo, a globalização iniciada em Sagres apressou o passo da história e nenhuma potência moderna foi ou será tão duradoura quanto a romana ou a chinesa arcaica.

O império americano não ruiu, apesar dos erros primários cometidos em reação ao atentado. A lenta débâcle política e econômica, pilotada hoje pelo azarado Obama, está relacionada à queima do capital político internacional adquirido na luta contra o nazismo, o imperialismo japonês na Ásia, o totalitarismo soviético. Agredir o Iraque por capricho de Bush indignou a inteligência mundial. Os erros políticos têm custo em dinheiro e o déficit público e do comércio exterior estão esfriando o motor econômico que movimentava o comércio dos continentes.

A rigor, década corrida, as coisas parecem iguais a antes.

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