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A Venezuela continua saliente no noticiário por causa da acentuação das maluquices de Chávez na presidência de Maduro. Ministério da Felicidade, antecipação do Natal para que os corações se enterneçam, proibição de inflação por decreto, paranoia de culpar os Estados Unidos pelo desastre econômico, aparições do fantasma de Hugo Chávez até em obras do metrô, comunicação do finado com Maduro na forma de passarinho que pia orientações governamentais. A comédia autoritária sem freios se torna tragédia ao destruir as instituições e a vida civilizada.

Se a dupla Chávez/Maduro estivesse no palco como Chaves/Madruga, as coisas seriam patéticas e alegres. Porém não há riso em face dos índices de homicídios que beiram números de guerra; as cenas de senhoras abraçadas a escassos rolos de papel higiênico; saques ao comércio; a redução contínua da produção de petróleo; a disparada da inflação. O surrealismo supera a ficção com seus estereótipos do populista latino-americano e seus decretos que determinam seja a noite, dia, os discursos com carótidas pulsantes, a virilidade que exibe fêmeas como troféus.

A insanidade era contagiosa por força do carisma de Chávez. Felizmente, Madruga (ops, Maduro) não tem o mesmo talento e a Venezuela está marchando solitária para o "socialismo do século 19". Sem a influência do finado, Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia, têm se limitado a apoios pró-forma à revolução bolivariana e começa a brilhar a opção gerencial de Ollanta Humala, presidente do Peru, que prima pelo pragmatismo porque la gente no come discursos.

Humala não fala horas a fio na tevê, ao estilo Fidel Castro, e age construindo sobre a herança que recebeu, sem a pretensão de demolir tudo para depois erigir o paraíso. O Peru crescerá mais de 5% em 2013 (o dobro do Brasil) e vem incrementando o PIB há 15 anos, com um terço da inflação brasileira. Fácil inferir que a pobreza está diminuindo consistentemente, sem contabilidade criativa, preços artificiais dos combustíveis etc.

Oriundo das fileiras castrenses, Humala se engraçou com Chávez em meados da década passada. Sensato, percebeu que estaria em melhor companhia aliançando-se com o Chile, a Colômbia e o México, formando a Aliança do Pacífico, que segue a linha original do Mercosul, qual seja, pouca falação e muito comércio, inclusive com os Estados Unidos, considerados parceiros econômicos e não o "diabo do Norte".

A Aliança do Pacífico expôs a vacuidade da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), da qual participam Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e ilhotas caribenhas. Com dor de cotovelo, Evo Morales acusa Humala de conspiração com Washington. Os ineficientes sempre imputam o fracasso a nebulosas transações!

A Venezuela se aproxima da bancarrota e o Peru, avaliado pelas agências de classificação de risco como melhor que o Brasil e o México, atrai investimentos estrangeiros. Semelhantes na composição cultural e étnica, tiveram história diferente porque a Venezuela tem muito petróleo e já foi rica. Provando que a política, e não a economia, é decisiva, o Peru progride e a Venezuela regride.

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