Na dúvida sobre o título do artigo, o computador me salva: via internet faço contato instantâneo a 10 mil quilômetros de distância e a Olívia, jovem consultora boreal para o trânsito entre inglês e português, diz que a oração completa A country that does not compute can’t compete pode ser apresentada como “não computa, não compete”. Munido de frase de efeito, começo a articular o pensamento sobre a corrida computacional que sucedeu a armamentista e a espacial.
A corrida entre os titãs ora é de velocidade, ora de resistência. Cem metros rasos ou maratona, sempre há movimento e a situação de ontem pode não ser a de amanhã. Hoje – ressalto, hoje – o computador mais poderoso do mundo está na China, a serviço do governo, especialmente na área militar. São 6 milhões de processadores operando simultaneamente em paralelo, atingindo quatrilhão de cálculos por segundo. Com essa velocidade, serve para previsão do tempo, estudos climáticos mais extensos, simulação de reações físicas e químicas, produção de medicamentos sem o uso de cobaias reais, cálculo estrutural de construção civil, naval, aérea, espacial.
Escrevendo em computador que usa apenas um processador e me parece fantástico, fico conjecturando sobre a inteligência e denodo chinês para construir essa máquina e desenhar o sistema informacional que faz a engenhoca funcionar. Hardware e software dos sonhos de qualquer cientista que deseja encontrar até a resposta do enigma da precedência entre o ovo e a galinha.
Bandeiras vermelhas são hasteadas em câmpus universitários para deixar bem claro que ali o futuro não entra
Ao vasculhar a nova biblioteca de Alexandria à cata de mais informação sobre o Kung Fu Panda que pôs os chineses na proa da história outra vez, deparo com o projeto lançado para recuperar a vantagem norte-americana. Os números gigantes chegam a ser estonteantes porque não temos referências perceptíveis pelos sentidos para servir de paradigma. Porém, vale dizer que computador como o chinês Tianhe-2 pode fazer 100 mil experimentos anuais para a criação de novos fármacos. A máquina pretendida por Obama poderá fazer 1 bilhão de testes anuais. A proporção da formiga para elefante.
Mero espírito emulativo? Coisa de adolescente que não admite que o vizinho seja mais forte e rápido? Para que construir computadores que consomem energia elétrica equivalente à de 20 mil residências? Óbvio, quem não adquirir capacidade sobre-humana de computação estará marginalizado na terceira onda da revolução industrial, relegado ao ábaco.
Os políticos e as universidades brasileiras se limitam a discutir ideologia do século 19 (marxismo versus liberalismo) e repastam em fisiologia de todos os séculos. Obstaculizam o devir por cegueira culposa ou por instinto de sobrevivência, ciosos de sua ratio existendi ligada ao passado. Bandeiras vermelhas são hasteadas em câmpus universitários, como ocorreu na Federal da Santa Catarina, para deixar bem claro que ali o futuro não entra.
Inanes, ficamos boquiabertos vendo os avanços científicos e tecnológicos como se fossem produto de entes superiores a nós e não mero fruto de Homo que resolve ser sapiens em vez de mediocris.
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