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Choveu demais, a estiagem foi longa, festas de fim de ano aumentam a demanda. Muitos motivos fazem subir o preço de um ou outro item da cesta de alimentos. Em algumas ocasiões, até o preço baixo provoca aumento do preço, como ocorreu com o tomate: no início de 2012 os tomaticultores recebiam menos do que gastavam para produzir. Muitos passaram a cultivar outras frutas e legumes, resultando em escassez e disparada do preço. Normalmente, cessada a causa, o efeito desaparece. Assim, o tomate que chegou a R$ 10 o quilo baixa para R$ 2. O preço do tomate volta à normalidade porque o consumo diminui e retomam-se as plantações, gerando supersafra. Menor demanda e maior oferta, decremento do valor.

Alimentar-se é imperioso. Mas comer tomate é opção em rol extenso de vegetais disponíveis a preço mais módico. Se ele está caro, o vivente pode comer abobrinha, couve-flor, jiló (para os destemidos). Há elasticidade no consumo de tipos específicos de alimentos, levando a aumento ou redução da demanda. Tomate a preço de filé mignon apodrece na prateleira da quitanda. A oscilação do preço do tomate seria irrelevante se o único efeito fosse o aumento do consumo do chuchu. Todavia, a subida extraordinária do preço do tomate é capturada pelo medidor de inflação, que por sua vez é aplicado para corrigir preços que não são definidos pelo mercado.

Quando alguém gasta R$ 5 de pedágio ou de tomate, o faz sem prestar atenção ao fato de que o primeiro preço não está suscetível a variações decorrentes do clima ou do consumo, como o segundo. Se houver 100 ou mil carros na fila do pedágio, o preço será o mesmo para todos. Não há sobrepreço em dias de muita demanda e desconto para datas de baixo trânsito nas estradas. Ou, ainda, concorrência entre vias pedagiadas. Significa dizer que há dois grupos diferentes de preços: os formados livremente pelos acontecimentos do mercado e os preços politicamente administrados.

Quais bens e serviços terão preços livres ou regulados é decisão assentada sobre a opção ideológica acerca do quanto o Estado vai subordinar a sociedade. Quanto mais o Estado manda, maior o rol de preços controlados. Em Cuba, até o preço do conserto de sola de sapato é ditado pelo governo. Nos Estados Unidos quase todos os preços são definidos pelo mercado, incluindo combustíveis. Contudo, em qualquer país há serviços públicos prestados em monopólio. O preço deles é sempre ato de autoridade, não de negociação em ambiente de mercado. O pedágio é exemplo.

Aumento do preço do pedágio encarece todos os bens transportados para o consumo. Idem para a energia elétrica e para a água. Por que o pedágio aumenta? Ora, no ano anterior o preço do tomate disparou e o "inflacionômetro" mediu o acréscimo. Aí, o tomate ocasionalmente mais caro faz o pedágio ficar permanentemente mais caro. O pedágio mais caro faz aumentar o preço do frete que faz o tomate ficar pela hora da morte. Bem, o leitor já entendeu o que acontece.

É inaceitável que preços livres "contaminem" preços regulados. A indexação da economia produziu hiperinflação e está nos intoxicando outra vez.

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