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A revista The Economist criou o índice de sinodependência para classificar e avaliar a solidez de empresas gigantes. A relação é diretamente proporcional: maior dependência, maior fragilidade. Fácil transpor para países, especialmente os que se transformaram em fazenda da China, onde ela compra matéria-prima e alimentos e para os quais vende de alfinetes a automóveis a preços irrisórios. Venezuela, Equador e Bolívia fornecem apenas petróleo e gás. Brasil e Argentina têm pauta diversificada, mas composta por itens primários, não industrializados, sem aplicação de conhecimento e trabalho habilidoso.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas realmente até quando? O modelo político-econômico chinês, como qualquer outro, em algum momento padece de estafa. A locomotiva econômica do mundo já está desacelerando a marcha. Não há problema, dizem os otimistas: se a China reduzir as compras, outros ocuparão o lugar de comprador. Porém, não basta pensamento positivo.

O potencial comprador de energia seria os Estados Unidos. Contudo, em convalescença da queda de 2008, os americanos estão explorando reservas de gás que os tornam autossuficientes e, além disso, desenvolvendo tecnologia que reduz muito o consumo de hidrocarbonetos para automóveis, calefação e indústria. A petrodependência americana vai se tornando passado. Os europeus, menos energívoros, também não se tornarão mercado substituto para os bens primários não consumidos pelos chineses. Como ficará o caixa da troica bolivariana sem moeda forte?

A pretensa libertação ideológica em relação aos yankees foi alcançada pela submissão completa ao projeto chinês de colonialismo suave, com muita miçanga e espelhinhos baratos, para alegria dos nativos. A canga não pesa enquanto o boi está bem nutrido e bovinamente feliz. Jugo, suave ou bruto, é humilhante.

Nenhum projeto sul-americano levou em consideração a globalização produtiva que implica complementaridade dos processos produtivos, via de mão dupla. A China não compra um parafuso feito no Brasil. Nada, nada que tenha trabalho de brasileiro com salário melhor que o mínimo. A China nos vê como "secos e molhados" e bazar. Aqui ela compra itens primários e vende bens que nossas indústrias, antes de falirem, fabricavam. Se o "milagre" chinês durasse mais 20 anos, nós nos tornaríamos o maior Paraguai do mundo. Escaparemos por causa da débâcle deles, não por decisão nossa.

Os bolivarianos estão muito piores porque a riqueza do petróleo e gás permaneceu concentrada na mão do governo, que a distribuiu na forma de esmola, não de investimento em infraestrutura material e humana.

Dizem que, quando a fome entra pela porta, o amor pula pela janela. Os chineses vieram da miséria do camarada Mao para a classe média de Deng Xiaoping. Desagradável voltar à sarjeta. A insatisfação de 1 bilhão de pessoas é difícil de conter pela força e a China não lida bem com o dissenso, como se viu em 1989 na Praça da Paz Celestial.

Bem resolvidos politicamente, americanos e europeus têm apenas problemas econômicos a enfrentar. Para os chineses, a fraqueza econômica destampará a panela de pressão do autoritarismo e serão duas dificuldades a resolver.

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