A França pré-revolução testemunhava uma nobreza mimada, acostumada a luxos demais, endividada e inflada em títulos concedidos a burgueses endinheirados, enquanto o país enfrentava um período de escassez de alimentos, crise produtiva, recessão econômica, inflação. Lembremos que a criação dessa entidade que chamamos de “Estado” só ocorreu porque houve previamente uma centralização do poder político nas “monarquias absolutas”. Veio a Revolução Francesa, que, bem ao contrário da proposta de iluminar o Ocidente pondo fim à era dos “privilégios”, ascendeu ao poder uma horda de ressentidos. A História continuou, muita água rolou por debaixo da ponte, mas desde então convivemos com a realidade dos “Estados”, que nunca pararam de crescer e que, em alguns casos, tornaram-se gigantes muito maiores do que os imaginados nos mais desvairados sonhos de Luís XIV. No Brasil de hoje, também mergulhado na crise, na inflação, na recessão, a nova nobreza, absurdamente mais vil do que aquela foi para a guilhotina em 1789, está encastelada nos altos cargos do poder estatal. Felippe Hermes cita 15 gastos do governo brasileiro que certamente deixariam Maria Antonieta escandalizada. A riqueza nas mãos de sujeitos vaidosos, de pouca virtude, aumenta-lhes a ganância e se esvai perdulariamente.
Quando caem as máscaras
A inveja e o ressentimento sempre foram potentes motores de disputas de poder, mas camuflados de qualquer outra boa intenção de natureza altruísta. É fácil notar quando um governante é um ressentido quando passa a adotar hábitos que criticava nos seus predecessores. Percival Puggina comenta o caso de Lula, o operário que se elegeu criticando as “elites” endinheiradas, e que se tornou um homem riquíssimo e esbanjador (para não falar do resto de seus defeitos).
Teto de gastos
Para o tamanho do Estado brasileiro, não basta apenas estabelecer um teto de gastos, assim como para um obeso mórbido não adianta só dar uma maneirada na sobremesa. Roberto Rachewsky fala do imperativo dos governos cortarem gastos.
O Estado, o povo e a realidade
Já que sustentamos um Estado que custa um terço do PIB e que não satisfaz as necessidades da população, fica o seguinte questionamento: o que queremos, confiar que esse Estado vai melhorar a prestação de serviços e deixar de ser corrupto, ou exigir que ele diminua de tamanho? Jeffrey Tucker mostra que essa questão pulula nos debates políticos atuais, e isso só foi possível graças a alguns fatores que não estão (pelo menos ainda) sob controle dos donos do poder. Ou, dito de outra forma, não importa quão megalomaníaco seja um governante, a realidade sempre surpreende.