| Foto: JPR/YL/JOSHUA ROBERTS

Considerando que praticamente todos os jornalistas da grande mídia desprezaram o outsider Donald Trump, pois enxergaram a realidade pelo viés de suas próprias convicções, limitando, assim, suas análises do pleito americano a uma torcida pela vitória de Hillary Clinton à presidência; e considerando que as pesquisas previam que a democrata ganharia com larga margem de vantagem (o New York Times disse, no dia da eleição, que Hillary tinha 85% de chances de vencer), não é de se espantar que o cidadão comum, que se informa pelos maiores veículos de comunicação, tenha ficado perplexo com o resultado das eleições, especialmente fora dos EUA, onde não havia como checar pessoalmente o termômetro do apoio aos candidatos nas ruas, nas conversas familiares e no trabalho. Somando a isso os erros de previsão nos plebiscitos do “Brexit” e do acordo de paz na Colômbia, e nas eleições municipais, é impossível não enxergar que os analistas profissionais, já imbuidos de mentalidade revolucionária, perderam a capacidade de interpretar a realidade, porque tornaram-se especialistas em “transformá-la”. Não dessa vez. Mas a vitória de Trump era, sim, previsível, bastando atentar para alguns fatos. Nem todos os jornalistas e cientistas políticos erraram, e a Gazeta veiculou algumas dessas análises mais precisas, inclusive aqui no Giro. Agora quem realmente surpreendeu por ter acertado não só o resultado geral da eleição, mas o resultado em 46 dos 50 estados americanos, foi o cientista político Filipe Martins, que, inclusive previu a vitória de Trump na Flórida e na Pensilvânia. Escute esse podcast em que Filipe conversa com Flávio Morgenstern, e perceba que ele, quando elucida os critérios de sua análise, a despeito de sua torcida pessoal, explica a eleição americana baseando-se em fatos, e não em caricaturas. Filipe ainda fala sobre o que devemos esperar do governo Trump.

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Respeito ao eleitor: quem votou em Trump?

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O grosso do eleitorado de Donald Trump não é de boçais, machistas, racistas, xenófobos; é de homens, de brancos, é verdade, mas sobretudo de cristãos, de interioranos, e até de alguns grupos que estavam fora das previsões, como latinos (os legais, claro) e mulheres casadas. Sempre bom lembrar que muitas dessas pessoas não “fecham” somente com o partido republicano, e votaram em Obama nas eleições anteriores. O povo se identificou muito mais facilmente com as propostas de Trump e com a postura anti-establishment e autofinanciada dele do que com o bom mocismo fake de Hillary, a queridinha dos banqueiros, que se opõe a alguns dos valores mais caros aos americanos. José Manuel Fernandes mostra o equívoco (até estratégico, eu diria) da militância democrata ter tratado esses eleitores, que ainda são maioria, como “white trash”.

O fator Obamacare

Jeffrey Tucker explica como a reforma do sistema de saúde promovida por Obama, o famigerado “Obamacare”, contribuiu para a derrota de Hillary nas urnas.

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Trump e os cristãos

Como bem explica Filipe Martins, Donald Trump é muito mais um homem pragmático do que um representante da “extrema direita”. Ocorre que ele se elegeu com pautas bem conservadoras, e, ao que tudo indica, ele irá honrá-las. Vejamos o que Trump disse a respeito de, perdão pelo trocadilho, “empoderar” a igreja e a cristandade, que corresponde à maior parcela dos seus eleitores. (texto em inglês)