Amputar a realidade até que ela caiba no conjunto de convicções ao qual você previamente aderiu é um vício de comportamento que, evidentemente, acabará fazendo com que o entendimento dos fatos fique comprometido. Nem sempre é fácil sermos fiéis às nossas percepções mais genuínas, mas quando abundam evidências de que estamos equivocados, não dar ouvidos a isso é uma escolha consciente. O posicionamento de certas pessoas em relação à Cuba evidencia bem essa cegueira. A morte de Fidel foi motivo para que muitos políticos e intelectuais aparecessem publicamente elogiando os “grandes feitos” da ditadura cubana, mas qualquer exame da realidade na ilha evidencia de pronto a situação degradante em que vive o povo. Com tanta informação disponível e de fácil acesso no mundo de hoje, só não enxerga as consequências do socialismo quem não quer. João Felipe Gonçalves, que é um sujeito de convicções mais à esquerda, mas que efetivamente morou em Havana durante anos, relata o que viu e compara o posicionamento, em relação ao regime dos Castro, dos cubanos e dos turistas que olham para a ilha com um certo romantismo.
Olhar para a realidade
No embalo do texto anterior, vejamos o quem tem a nos dizer Diogo Schelp, que viajou recentemente para Cuba, e conversou com os cubanos para saber qual é a percepção deles a respeito da vida que levam. Novamente, o apelo é de que a verdade está muito mais acessível a nossos olhos se nos despirmos da vontade de estarmos certos a todo o custo.
Fidel Castro e Darth Vader
Estão dizendo por aí que Fidel Castro foi um “grande líder”. Ora, é possível ser medíocre na maldade. Não foi o caso de Fidel, e nesse sentido ele pode ser chamado de “grande”. No mundo do relativismo moral, é de se esperar que uma personalidade como a dele despertasse tanta admiração; um certo fascínio ao estilo dark side of the force. Yuri Vieira mostra a mentalidade revolucionária dos admiradores do ditador.
O que aconteceu em Cuba de verdade?
“O capitalismo é um sistema que perpetua e fomenta a desigualdade social, e o mundo seria um lugar melhor se os governantes confiscassem a riqueza dos burgueses (via desapropriações ou via impostos) e redistribuíssem igualitariamente entre o povo”: eis, sinteticamente, o mito do socialismo, que foi tão bem difundido a ponto de já ser o feijão com arroz das escolas e universidades, especialmente na América Latina. O problema é que esse mito já foi desmentido pela realidade em inúmeras ocasiões, justamente porque experiências de governos ditatoriais à esquerda não faltaram para demonstrar que a desigualdade no socialismo só muda de endereço e se aprofunda: passa a ser entre o povo e os burocratas (ou a nomenklatura), num ambiente muito mais miserável e hostil que o anterior. E essa é só a ponta do iceberg, pois pior do que viver na pobreza é ter a liberdade reduzida a quase nada, é ter a voz calada, é ser julgado sem ter o direito de se defender, é correr o risco de perder a vida, a própria ou a de entes queridos, por fazer oposição ao governo. Todo mundo sabe que essas coisas aconteceram e ainda acontecem em ditaduras. Mas tudo “ok” se o responsável foi o seu ditador de estimação – o caso de Fidel Castro para muitos. Daniel Moreno indica três filmes para você se informar sobre a crueldade da revolução e do regime castrista.
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