É inegável que Eduardo Cunha teve um papel de destaque no desenrolar do impeachment de Dilma Rousseff: foi ele que aceitou o pedido direcionado à Câmara. Mas, segundo os petistas, sua atuação no processo de impeachment é de protagonista: ele é o próprio articulador do “golpe”. Tornou-se, desse modo, o bode expiatório da militância esquerdista. Se política fosse assentada na razão, e não na oportunidade, o coerente seria que Dilma agradecesse a Cunha por aliviar para o seu lado. Lembremos: o então presidente da Câmara aceitou o pedido de impeachment só no tocante às “pedaladas fiscais” e aos decretos de autorização dos créditos suplementares, deixando de lado toda a questão da Petrobras e da compra da refinaria de Pasadena, justamente os fatores que demonstrariam que a presidente estava também atolada na lama da corrupção. Se os petistas podem argumentar que o impeachment é na raiz um golpe disfarçado de problemas na contabilidade, isso deve-se a seu “arqui-inimigo”. Cunha empobreceu os fundamentos do pedido de impeachment. Flávio Morgenstern explica em detalhes essa ironia.
O discurso petista
Dando o impeachment como certo, Dilma e seus aliados passaram a falar, bem antes do dia da votação, para a militância e para o establishment esquerdista, munindo-os de argumentos – que não precisavam ser fundados nos fatos e na lógica – a favor da petista e contra seus opositores. Já está em curso a guerra de narrativas. Rafael Rosset mostra os guerreiros petistas erguendo-se de um lado, bastante articulados, e faz previsões sobre como essa história será contada no futuro.
Dissolvendo mentiras
Felippe Hermes rebate alguns dos argumentos de quem se opõe ao impeachment.
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