Ainda que o “economiquês” seja um idioma rebuscado, de difícil entendimento para a maior parte da população, a verdade é que os princípios mais fundamentais da economia são bastante óbvios. “Desenvolvimentismo”, trocando em miúdos, é um nome chique dado para uma política econômica baseada no “pão e circo”: muito crédito para você comprar o que sempre sonhou, muito dinheiro circulando, mas sem a contrapartida em produtividade, em riqueza efetivamente gerada. Dito de outro modo, vamos fingir que ficamos mais ricos sem termos trabalhado mais ou produzido melhor para isso. Política econômica desastrosa, portanto. Melhor seria se fosse chamada de antieconômica. Para os defensores dessa linha, que foram buscar em Keynes os fundamentos de suas teses, em teoria, ao criar “forçosamente” (leia-se, inflacionariamente) um ambiente favorável ao consumo, as pessoas gastam, o capital circula, as empresas não quebram, os empregos se mantém, ao mesmo tempo em que o governo aumenta seus gastos para criar infraestrutura que atraia mais investimentos; e, tudo isso somado, lá na frente será compensado pela geração de riquezas que virá a reboque. É o conselho do “embeleze seu jardim para que as borboletas apareçam” aplicado à economia. O que acontece na prática? As pessoas endividam-se, os governos endividam-se, a carga tributária aumenta, a inflação dispara, o consumo retrai, as empresas fecham, e o desemprego cresce. Para fazer uma generosa concessão aos keynesianos, podemos dizer que esse tipo de política anticíclica (que visa conter os efeitos da flutuação dos ciclos econômicos) pode ser empregado para dar uma amortecida no impacto de uma crise econômica – mas com prazo para acabar, nunca como fundamento da economia; nem Keynes defenderia um absurdo desses! Mas foi precisamente o tom da política econômica dos governos petistas no Brasil. 13 anos de “desenvolvimentismo”, e deu no que deu. Iván Carrino explica que a chave da riqueza não é o consumo, mas a produção.
O programa de Meirelles tim-tim por tim-tim
Roberto Ellery analisa todos os pontos do conjunto de medidas apresentado pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles para a recuperação da economia. Há ali diversas razões para comemorarmos, e tantas outras para lamentarmos.
Brasil e Chile, tão perto e tão longe
O Chile, um dos nossos hermanos de América Latina, com uma história cheia de paralelos à história do Brasil, deu-nos, nas últimas décadas, um baile em termos de desenvolvimento – em todos os sentidos, do econômico ao social, da saúde à educação, da liberdade de imprensa à liberdade de mercado. Por ironia, a trilha do sucesso chileno começou durante uma ditadura – a de Pinochet. Ao contrário dos militares brasileiros – que desenvolveram uma política econômica extremamente centralizadora, criando estatais para todo o lado – o ditador chileno abriu o mercado de seu país. Os economistas que ditaram a política econômica do Chile eram discípulos da Escola de Chicago, de Milton Friedman (que, pessoalmente, não tinha elogios ao regime político que Pinochet impôs). Por sorte, tudo isso contribuiu para que o povo chileno fortalecesse seu apreço pela liberdade, o que mais à frente ajudaria a derrubar o governo do ditador, sem que a isso se seguisse uma ruptura com a política econômica por ele implementada. Confira, com Felippe Hermes, dez motivos que provam que o Chile é o Brasil que deu certo.