| Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo

Marcelo Odebrecht foi enfático ao afirmar que Dilma Rousseff sabia que sua campanha era financiada com dinheiro de caixa dois. Aliás, ele contou ter alertado a ex-presidente que fizera pagamentos ao marqueteiro João Santana em conta no exterior, e que isso “contaminaria” sua campanha. Como Dilma respondeu a essa alegação? Em entrevista à Folha de S.Paulo, ela disse que, nesse dia, não entendeu o que Marcelo estava falando porque acabara de sair do banheiro quando se deparou com ele, e estava com pressa para ir ao aeroporto. A história do banheiro deve ter lhe parecido uma boa explicação de como ela fora parar numa salinha privada com o empreiteiro. Mas em quê o alívio das necessidades fisiológicas de Dilma alteraria sua capacidade de compreensão do que Marcelo dizia é que continua uma incógnita. Não conheço ninguém que tenha ficado atordoado depois de sentar-se à privada. “O problema é que ela estava com pressa”, alguns retrucariam; imaginem que pressa era essa que a impedia de escutar não um mero recado, mas um aviso de que pagamentos ilegais foram feitos para financiar sua campanha. Se esse era um alerta corriqueiro para Dilma, talvez isso explique sua desatenção. Mas qual companhia aérea não aguardaria o embarque de uma presidente? Aliás, ela não costumava viajar com um avião da FAB que estava sempre a seu dispor? Sem dúvida, essa história fede. Flávio Morgenstern destaca o bizarro, o farsesco – em amplo sentido – dessa explicação de Dilma.

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Enquanto isso, no TSE...

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No julgamento da Chapa Dilma-Temer no TSE, a oitiva de Guido Mantega – que certamente falará para desmentir Marcelo Odebrecht – foi deferida. Mas, além de Mantega, foram incluídos no rol de testemunhas João Santana, Mônica Moura e um funcionário deles, que já fizeram acordo de colaboração premiada na Justiça. Ponto para o procurador Nicolao Dino: foi ele que solicitou a oitiva dos três, com base no surgimento de fato novo relevante ao processo: a delação em questão. A jogada dos petistas de colocar Mantega para testemunhar provavelmente não vai funcionar tão bem. Felipe Moura Brasil comenta o tiro que saiu pela culatra.

Difícil de assimilar

Talvez as dimensões da roubalheira no país sejam demais para o brasileiro assimilar o quadro de corrupção em sua devida proporção. O Brasil é mesmo surreal. O que a força-tarefa da Lava Jato está fazendo pelo povo é mais do que a faxina dos políticos e empresários-companheiros: estão, com uma paciência paternal, educando-nos a nunca recuar diante dos ímpios. Guilherme Fiuza fala sobre as dificuldades de despertar de vez o “gigante adormecido”.

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