O amor que conduz um casal ao altar é belo e cheio do frescor da novidade. Há muito sentimento e excitação entre os recém casados – tanto de um pelo outro, como pela nova vida que construirão. Esses bons sentimentos eventualmente passam, e depois retornam, e passam novamente, como é próprio da sua natureza efêmera. Se for bem modulado pela vontade e inteligência, o afeto entre o casal adquire outras tonalidades, de modo que é possível, sim, dizer que existe felicidade conjugal de longo prazo... Ela só é diferente daquela lá do comecinho do relacionamento e, certamente, não é conquistada de modo fácil. Renúncia e perdão são demandados no processo. Os casais que desatam no meio do caminho não raro depositam no cônjuge a responsabilidade pelo fracasso e alimentam a expectativa de uma vida melhor com outro alguém, até que essa nova pessoa também demonstre ser insuportável. Quer dizer, trata-se de uma falta de compromisso com o outro, e excesso de compromisso com a própria felicidade. Amor de gente grande é uma escolha que se reafirma especialmente nos momentos mais críticos da vida a dois. É, portanto, um ato de liberdade que revela e agiganta o que há de mais elevado na alma de cada um de nós. O sofrimento dos casados não é em vão, porque enobrece: permite que as pessoas se amem apesar delas mesmas. Ivan Martins explica por que, depois de experiência de alguns casamentos e divórcios, ele prefere as dificuldades do casamento às da vida de solteiro. Sofrer, todo mundo sofre.
O desastre de uma vida de “sucesso”
O título do comentário anterior dá nome a um dos romances de Lev Tolstói. Aproveitando o embalo, trago a recomendação de João Pereira Coutinho da obra A morte de Ivan Ilitch , do mesmo escritor. Esse livro retrata magistralmente as sutilezas do autoengano: como é possível ignorarmos nossas intuições mais genuínas acerca de nossos bons e maus comportamentos, da realidade das relações humanas, da (ir)relevância de nossos objetivos, em nome de uma vida by the book, irrepreensível ao olhar alheio. (O site exige cadastro)
Santa Teresa de Calcutá
Cá estamos nós, nesse imenso vale de lágrimas. Resta-nos padecer juntos e auxiliar-nos no que for possível. São os nossos atos de bondade, generosidade, amor que fazem secar essas lágrimas. Como uma pálida imagem do que deve ser o amor de Deus, Ele agracia algumas pessoas com uma tremenda capacidade de amar; uma delas foi Santa Teresa de Calcutá. Ser grande no amor não significa viver num mundo cor-de-rosa – é precisamente o contrário, o que pode se conferir a partir da biografia da falecida freira, cuja santidade foi recentemente reconhecida pela Igreja. Barbara J. Elliott conta como foi a passagem de Teresa de Calcutá por Washington, quais foram as impressões que deixou, e descreve um pouco de sua trajetória de vida, que foi repleta de trevas, especialmente no que diz respeito à vida interior.