Todo mundo sabe que filho dá trabalho, dá despesa, toma tempo. E daí? As coisas de que se abre mão quando um pequenino nasce são merreca perto dos tesouros que a paternidade/maternidade traz. Podem ser tesouros intangíveis, mas são daqueles que subsistem até depois da morte. Clichê? Pode ser. Prefiro chamar de senso comum. E, sejamos sinceros, não é difícil perceber a grandiosidade de criar uma vida: do nada, geramos um ser humano inteirinho! Uma pessoa que, de algum modo, nos torna imortais. Não obstante, um universo de possibilidades se abre com cada indivíduo que nasce. E ninguém pode prever o que será do futuro de cada um. Aliás, quanto antes perdermos a ilusão de que é possível traçar um plano de vida que desvie de todas as pedras no caminho, mais livres nos tornaremos para fazermos o que é relevante. Ter filhos é relevante. Ícaro de Carvalho relata a alquimia da alma que a paternidade operou nele, transmutando o moleque em homem (o texto não é recente, como os que sempre trago, mas vale ouro). E recordemos Vinícius de Moraes sobre os filhos: “Se não os temos / Como sabê-los? / Como saber / Que macieza / Nos seus cabelos / Que cheiro morno / Na sua carne / Que gosto doce / Na sua boca! / Chupam gilete / Bebem xampu / Ateiam fogo / No quarteirão / Porém, que coisa / Que coisa louca / Que coisa linda / Que os filhos são!
Como eu queria voltar no tempo
Muito se discute sobre o começo da vida humana, sobre os direitos do nascituro, sobre a diferença do corpo do bebê e o da mãe, sobre o direito de escolha da mulher etc. Os “pró-vida” e os “pró-escolha” partem de cosmovisões muito diferentes, e o debate, na maioria das vezes, não sai do lugar. Reflexões simples – que nem precisam do apoio da religião ou da ciência – ajudariam os defensores do aborto a perceber que não podem levar seus argumentos às últimas consequências sem praticar a injustiça dos dois pesos, duas medidas: aos outros querem negar a possibilidade de viver, que a eles não foi negada. Infelizmente, o bom senso está de ponta cabeça, já que criamos esse hábito obsessivo de questionar tudo o que a humanidade sempre soube. Espero que, nesses tempos sombrios, em que nos deixamos ludibriar pela insensatez, pelo menos o relato de um homem que consentiu com o aborto de seu filho há 25 anos– e que amarga essa escolha todos os dias desde então – tenha o poder de tirar algumas consciências do estado de torpor. Neste texto, o corajoso cronista Paulo Briguet confessa, com o coração na mão, o maior de seus erros, revelando a dolorosa realidade de quem carrega o fardo do aborto. É uma perspectiva que aqueles que se preocupam com a situação da mulher numa gravidez indesejada não podem ignorar, porque ela (e o pai do bebê, se cair na real) é que carregará essa cicatriz que não cura.
Amor incondicional
Doug Mainwaring fala sobre a natureza do amor incondicional – que parte de um ato de vontade livre, e não varia conforme o sabor dos sentimentos. Esse amor, típico de pais e mães, é aquele que quanto mais se dá, mais se tem. (texto em inglês)
Deixe sua opinião