A notícia da queda do avião que levava a Paraty o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no STF, rendeu, durante a tarde da última quinta-feira, momentos de tensão ao país: aquele a quem cabia o poder de condenar, ou absolver, alguns dos figurões da política nacional partira dessa nossa terra infame para a eternidade, deixando um rastro de incertezas e temor, justamente num momento em que a população está cansada de viver sob o império do crime, tanto o do colarinho branco como o comum. Então veio a confirmação da morte do ministro, e junto ao luto pelo homem, pelo grande processualista, restou a perplexidade diante dum acontecimento que só poderia ser entendido de dois modos: ou uma ironia do destino ou uma sabotagem à Lava Jato, um homicídio cruel que, junto ao alvo, ceifou mais quatro vidas. Ainda não sabemos o que aconteceu e todo o cuidado é pouco durante as investigações. Felipe Moura Brasil resume as informações disponíveis sobre essa tragédia e especula quais serão as consequências dela para a Lava Jato.
Acidente ou crime?
Não é prudente descartar nem a hipótese de acidente aéreo, pois há indícios nesse sentido, nem a hipótese de que um homem com um grande poder em mãos e mais quatro inocentes foram convenientemente assassinados, já que Teori fora ameaçado no passado e estava prestes a analisar as bombásticas delações da Odebrecht. Se, para o infortúnio do país, a segunda hipótese for confirmada, há ainda que se descobrir quem emitiu a ordem. Mas são tantos aqueles que estão na mira da Lava Jato que a lista de suspeitos poderá ser muito grande. Isso sem contar os acontecimentos dos bastidores de Brasília que nunca chegaram ao conhecimento da população e que podem ter selado o destino do ministro. Só nos resta desejar boa sorte aos investigadores e rezar para que Teori encontre o descanso eterno e que, se possível, nos dê uma mãozinha lá do alto para limpar o país dos criminosos. Confira aqui um resumo dos argumentos que endossam cada uma dessas teorias.
O futuro da Lava Jato e do STF
Percival Puggina pergunta-se o que será da Lava Jato, e do Supremo Tribunal Federal, com a morte de Teori Zavascki.
O fantasma de Celso Daniel
Não é a primeira vez que testemunhamos no Brasil pessoas decisivas para o destino do país, e em particular do PT, morrendo em circunstâncias suspeitas. Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, foi torturado e assassinado há 15 anos. Era um dos petistas do alto escalão, que disputava poder dentro do partido e certamente conhecia muito dos segredos petistas, e nunca teve sua morte devidamente explicada. As testemunhas também foram mortas. Esse é um caso de indícios, e não de provas, mas que desperta aquela sensação de que, se ali há fumaça, só pode haver fogo. Flávio Morgenstern explica o caso em maiores detalhes.