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Giro de opinião

O cabo de guerra neste 28 de abril

 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
(Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Como todos já devem estar cientes, dia 28 será dia de greve – dizem, de adesão ampla e numerosa; mas sabemos perfeitamente quem sairá às ruas para protestar contra as reformas do governo Temer: os sindicalistas de sempre, sobretudo os das grandes centrais sindicais, cuja expertise em organizar paralisações e fazer politicagem supera em muito qualquer habilidade para o trabalho efetivo. Para engrossar o caldo, prometem marcar presença muitos professores de escolas públicas e particulares, entidades estudantis e alunos devidamente doutrinadinhos. Não, esta não será um manifestação sem ideologia; não será sequer uma manifestação apartidária. Veremos isso no flamejar das bandeiras empunhadas. Mas isso não significa que a tal greve não atingirá o fim imediato a que se propõe: barrar o andamento das reformas trabalhista e previdenciária. Só o fato de terem conseguido a adesão dos sindicatos de motoristas de ônibus e de aeroportuários bastará para causarem a impressão de que o país inteiro parou para “ir à luta”, porque mesmo quem não está endossando as pautas dos grevistas será impedido de sair de casa. Augusto Nunes e Felipe Moura Brasil comentam, entre outros assuntos, o cabo de guerra que se intensifica entre o governo Temer e seus opositores por causa da paralisação geral do dia 28.

O teatro da mortadela

Sindicalistas são defensores da classe trabalhadora só na teoria. Todo mundo sabe disso. Na prática, são militância organizada a serviço das esquerdas. Qual foi a preocupação demonstrada pelos sindicatos quando o desemprego tornou-se um dos maiores problemas sociais no último ano do governo Dilma? Zero. E o que fazem quando o novo governo toma medida fundamental para a retomada das contratações, ou seja, propõe a reforma trabalhista? Escândalo! Será que isso tem alguma coisa a ver com o fim do “imposto sindical”, uma das medidas da reforma? Nem preciso responder. Ora, esses sindicatos servem a si mesmos, e não àqueles que dizem representar. Aliás, corrijo-me: eles também servem àqueles que lhes dão suporte – os partidos políticos da esquerda. Mas isso só demonstra que nosso modelo de representação das classes trabalhadoras é falido, e não que a ideia da existência de sindicatos seja ruim. Juan Ramón Rallo, Luan Sperandio e Leandro Roque comentam a necessidade de pôr fim ao teatro da mortadela e fortalecer um modelo eficiente de representação dos trabalhadores.

O maior sindicalista da história deste país

Ora, numa paralisação basicamente formada por sindicalistas, quem mais além dele, o sindicalista-mor, poderia ser a estrela do espetáculo? Lula – a poucos dias de encarar Sergio Moro frente a frente – certamente fará dessa manifestação uma forma de mobilizar apoio popular e, claro, de já ir subindo no palanque em campanha presidencial. A greve de amanhã não passará de proselitismo petista: terminará em coro de “Lula 2018”. Eric Balbinus destaca o protogonismo que o penta-réu na Lava Jato deverá desempenhar na manifestação.

A república sindical

Por razões óbvias, o sindicalismo brasileiro teve seus anos de ouro no período do PT no governo federal: quando as carteiras dos dirigentes ficaram mais polpudas que nunca e explodiu o número de sindicatos – mais de 16 mil no Brasil, enquanto há 130 nos Estado Unidos e 91 na Argentina. Com uma verba bilionária advinda só do imposto sindical, digamos que a mortadela esteve mais do que garantida. Não foi o bastante. Ivanildo Terceiro cita cinco vezes em que empreiteiras denunciadas na Lava Jato compraram sindicalistas.

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