São Pio de Pietrelcina disse, certa vez, que a humanidade vive e testemunha a existência do mal no mundo como uma criança que, sentada num banco baixo enquanto, ao lado, sua mãe trabalha um bordado ao tear, olha para cima e vê apenas o revés do bordado. O revés é feio e bagunçado, e a criança não compreende por que a mãe assim o faz, até que ela abaixa o tear e mostra como a frente do que bordou é perfeita. No cotidiano de nossas vidas, o fato é que nem sempre nos é dado a conhecer a parte bonita do bordado divino, de modo que, para nós, o sofrimento permanece um mistério. Sentados no banco baixo podemos nos deprimir, podemos nos revoltar e elaborar planos sofisticados de como acabar com o sofrimento – o nosso, ignorando o sofrimento alheio, ou, mais ambiciosamente, o dos outros –, podemos pontificar o que é certo e o que é errado para o mundo tendo como base os sentimentos (essa realidade tão subjetiva), ou podemos, em um daqueles momentos de intuição luminosa, confiar no amor e na bondade infinitos de um Deus que, como a mãe ao tear, está no controle de sua criação. Paulo Briguet constata a inevitabilidade do sofrimento humano, não como quem gostaria de ver o paraíso nesta Terra, nem como quem é insensível à dor, mas reconhecendo nela um caminho de salvação.
Precisamos falar de sofrimento
Lorena Miranda Cutlak é escritora e mãe de uma menininha com síndrome de down. Discute, neste texto, o argumento de quem defende o aborto como forma de evitar sofrimentos futuros, seja para si, seja para a criança. Ela não nos brinda apenas com seu testemunho pessoal. Vai além: mostra o valor da vida a despeito do caos, e mostra a loucura daquelas consciências que vivem aprisionadas nos limites dos próprios sentimentos, como se a existência não tivesse sentido por doer em muitos momentos.
Desilusão
Não há motivo para trazer à tona o pesado tema da existência do mal e do sofrimento humano se não fosse para mostrar que, um, estamos todos no mesmo barco, e dois, há luz no fim do túnel: a luz definitiva da vida eterna, mas também as luzes parciais de tudo o que se aprende com as experiências negativas, a ampliação da capacidade de amar que vem com os sacrifícios, e sobretudo a sabedoria de amar as coisas certas. Nesse sentido, Fabio Blanco argumenta a bênção que são as desilusões, que nos aproximam da verdade. Não devemos temê-las, mas assumi-las.
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