A vontade de conhecer brota em algumas pessoas com tanta avidez – às vezes num ambiente familiar que promove a leitura, que instiga a curiosidade, mas às vezes quase como um milagre, ao revés de todas as circunstâncias – que, mesmo que elas não encontrem professores notáveis pelo caminho, seguirão a trilha de estudos do autodidatismo. A maioria das pessoas, porém, teve algum professor responsável por estimular nelas a vontade de saber mais sobre determinado assunto. Para todos os casos, bons professores podem fazer a diferença – seja acrescentando ou fazendo desabrochar o potencial de um aluno. Professores notáveis estudam, e muito; às vezes, inauguram escolas de pensamento. O impacto de um excelente professor na sociedade é enorme: ele cria um efeito em cascata de despertar de inteligências. O oposto pode ser dito de um péssimo profissional: consegue enterrar vocações. É por essa razão que pego tanto no pé dos professores (quem acompanha a coluna sabe), não é porque eles são irrelevantes, mas porque desempenham um papel absolutamente fundamental. Arnaldo Niskier ressalta o lugar de destaque dos professores no processo educativo, que vale mais do que todas as tecnologias e infraestrutura que uma escola possa oferecer, apontando a necessidade de que as instituições que preparam professores sejam mais rigorosas (site exige cadastro).
Estudar para quê?
Mais de um milhão de jovens, entre 15 e 17 anos, estão fora dos bancos escolares – a maioria deles porque considera a escola desinteressante –, e tem muita gente achando ruim a reforma do Ensino Médio. Não que ela seja uma panaceia do ensino, mas implementa algumas mudanças que há muito já deveriam ter sido efetivadas: escolha de matérias por área de interesse e fim da obrigatoriedade de sociologia, filosofia, artes e educação física. O currículo do Ensino Médio brasileiro é um dos mais recheados do mundo. Passa-se por muito mais tópicos numa matéria por aqui do que numa escola americana. No entanto, alguém vai afirmar que nossos alunos são melhor formados? A diretriz educacional brasileira confunde quantidade com qualidade, o que resultou numa multidão de alunos que estudam para passar de ano, e para passar no vestibular, e que esquecerão a imensa maioria das matérias. A pergunta que muitos estudantes – compreensivelmente – se fazem é “para que eu estou estudando tudo isso?”. Para que um futuro advogado precisa saber calcular a molaridade de uma solução e saber de cór equações trigonométricas? É claro que é um desperdício de tempo de quem poderia estar se aprofundando nos estudos da linguagem. João Luiz Mauad critica, particularmente, a mentalidade que rechaça o poder de escolha que está sendo dado aos estudantes, que repudia a flexibilização dos currículos. E por que será que tem gente achando ruim essa pequena retirada de poder do Estado na educação?
MacBeth e a psicologia da maldade
A prática do mal não surge como uma finalidade em si, mas para a obtenção de algum resultado: dar vazão a algum desejo, buscar concretizar algum objetivo, despertar medo no inimigo, por exemplo. Por essa razão, é muito fácil encontrarmos uma justificativa racional para aqueles atos imorais que praticamos. Shakespeare retratou muito bem em MacBeth a psicologia da maldade, de modo que o espectador, antes de testemunhar horrorizado o resultado das decisões das personagens, acompanhe os conflitos interiores que os antecederam. Shakespeare, definitivamente, não era um relativista moral. Trata-se de um convite à reflexão do autoengano e suas consequências. Peter Leithart analisa a magistral peça do bardo. (texto em inglês)