Paremos um momento para refletir sobre aquele que é um dos objetivos mais difundidos na sociedade, sinônimo de ascensão social para uns, de etapa obrigatória na vida para outros: a obtenção do diploma universitário. Quanto custa um diploma universitário? Certamente, muito tempo, a substância da vida. Se for feito numa instituição privada, muito dinheiro. E considerando o ambiente acadêmico brasileiro, custará também a sanidade mental do estudante (como retratado naquela comunidade do Facebook “Antes e depois da Federal”). Às vezes pode até custar o adiamento da vida adulta, da maturidade; porque tem aquele pessoal que, depois da graduação, não larga a vida acadêmica e engata logo no mestrado, depois doutorado, e pós-doutorado, e considera que constituir família nesse período seria um atrapalho. Fabio Blanco questiona se o diploma universitário vale todo esse esforço.
Quanto vale um diploma universitário?
E quanto vale um diploma universitário? Cultura superior, não vale. Não no Brasil. Aliás, de “superior” não há nada no nosso ensino superior, no sentido em que as universidades costumavam ser centros produtores de alta cultura e de conhecimentos. Reconheço que há exceções, e que importantes pesquisas científicas já foram empreendidas no país, especialmente no campo da medicina e das engenharias (e, mesmo nesses cursos, os alunos estão chegando com um nível de preparo mais baixo que o de outrora, graças à decadência do ensino básico, que fez com que até nossos melhores alunos tivessem um desempenho inferior aos alunos medianos de países que levam a educação a sério – vide ranking do PISA). Mas, quando se trata dos cursos de Humanas, o desastre geral é inegável. Para muitos universitários, a fonte máxima de pesquisa – durante o curso todo – será o caderno do aluno mais aplicado da classe, um dia antes da prova. E até dá para compreender o desinteresse, porque as disciplinas estão cada vez mais “teóricas” (leia-se, doutrinatórias) e ensinam quase nada de pertinente ao exercício da profissão. Aliás, as universidades assumiram o papel de centros profissionalizantes, mas nem isso estão fazendo direito (transmissão e produção de alta cultura, então, nem se espera!). Hoje, no Brasil, um dos problemas sérios do mercado de trabalho é a baixa produtividade do profissional. Todos os anos, milhares de universitários estão colando grau sem a menor qualificação, o que torna o diploma um mero pedaço de papel. Fabrício Tavares de Moraes discorre sobre o que se tornaram os cursos de Humanas.
Perseguição ideológica nas universidades
Ser professor universitário é ter uma posição de prestígio na sociedade. Não raro tal prestígio transforma-se em presunção e faz com que alguns professores não admitam ser contraditados por seus alunos: ou você reproduz o que eles pensam, ou você será reprovado. E não adianta responder na prova o que o professor quer, mas propor debate em sala de aula! São grandes as chances de que você seja ridicularizado perante seus colegas. Confiramos, no vídeo a seguir, o relato de uma aluna da pós-graduação de uma universidade pública, que ilustra bem a quantas anda o nível de tolerância a opiniões divergentes nessas instituições de ensino. Até onde sei, a confrontação de hipóteses distintas é primordial para a construção do conhecimento. Mas para quê pensar com seus miolos e se empenhar em estudar, buscando uma bibliografia diversificada, se você pode repetir e se formar “com louvor”?