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 | JONATHAN CAMPOS/Gazeta do Povo
| Foto: JONATHAN CAMPOS/Gazeta do Povo

Quando se adiciona à típica confusão conceitual de um militante o oportunismo de um sindicalista – já mal-acostumado a receber grana fácil –, o resultado é o que vimos ontem: uma paralisação forçada, repudiada pela maioria dos que diz representar, e sobretudo desorientada. As pautas ali reivindicadas flutuaram em dois níveis de discurso – um, que tinha maior potencial para angariar apoio popular: barrar as reformas; e outro, que expressava o que realmente pretendiam alcançar: a manutenção da contribuição sindical e uma demonstração de força política. Não funcionou. E, ao menos a curto prazo, não funcionará mais. O povo trabalhador desaprova os métodos de violência e vandalismo que país afora foram testemunhados nas paralisações, e não sai mais às ruas para endossar radicais. Guilherme Macalossi comenta o “dia de fria da pelegagem”.

Escondendo o jogo

Entre assinarem embaixo das pautas que defendem e estarem bem cientes do teatro sindical que protagonizam para cooperar com os interesses do PT, creio que alguns sindicalistas estão mais para lá e outros mais para cá. De qualquer forma, entre a histeria e o cinismo, o que não se vê nas grandes centrais sindicais e naqueles sindicatos que amam fazer greve é sobriedade e espírito de serviço. A paralisação geral de ontem foi um exemplo do tanto de barulho que eles fazem com um discurso vazio e sem contrapropostas. Felippe Hermes conta-nos 7 coisas que os sindicatos omitiram sobre a última greve.

Eles não vivem no nosso mundo

Flávio Morgenstern recorda-nos da complexidade e organicidade do mercado de trabalho, que abrange os mais diversificados perfis de profissionais e de profissões, mostrando o quanto os sindicalistas estão distantes do mundo real e, portanto, distantes de entender as necessidades das classes que representam. O que leva uma pessoa a escolher (ou conformar-se com) uma profissão, o que a leva a ser contratada, demitida, a seguir de modo autônomo, a abrir uma empresa, a procurar um emprego público, quais são seus anseios em relação à realização profissional, e quais são os tipos mais bem-sucedidos em suas áreas de atuação, tudo isso é de compreensão extremamente limitada, até caricatural, nas mentes daqueles que fazem militância política fingindo preocupação com os trabalhadores. Nos dias de hoje, esses anacrônicos sindicalistas ainda enxergam tudo como uma grande luta de classes entre “capitalistas” e “operários”, ou, numa versão mais abrangente, “exploradores” e “explorados”.

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