Para explicar e justificar tanta elicidade enviada ao presidente, preciso, antes, apresentar alguns elementos introdutórios à essa felicitação. Primeiro de tudo, e em poucas linhas, afirmo que nosso presidente é aquele cidadão que, quando operário e dirigente sindical, "lutava pela melhoria da classe trabalhadora".
Naquele momento, era o período militar, cuja governança empurrou o país para frente, dadas as altas taxas de crescimento das riquezas nacionais. A esquerda nacional (com inveja) então, dentre outras teses, entendeu que só aquele obstinado operário poderia conduzir o país para a menor desigualdade de renda e de patrimônio, já que o país estava riquíssimo, ou seja, o PT e o seu representante eram os únicos que poderiam conduzir o Brasil a um desenvolvimento econômico igualitário.
Mas, para atingir tal posição, este cidadão teve de tomar algumas decisões, como: ser contra a ditadura, contra a concentração de renda, a favor da reforma agrária, contra o FMI (e o seu monetarismo e prescrições), contra os países ricos, contra a corrupção, ou seja, a favor ou contra conforme lhe assopravam no ouvido.
Além disso, teve de derrubar o Collor, participar (segundo os meios de comunicação) de um caso perigoso com um prefeito no interior de São Paulo, alcunhar o ex-PFL (e todos aqueles que fossem liberais) de um partido de corruptos, enfim, dada a falta de informação de milhões de brasileiros e a sua "inocência", enrolar a todos.
A partir de 2003, pôs-se a desgovernar o Brasil. E o seu programa de governo, que por décadas era igualitarista, mudou (pela "governabilidade"), passando a amar, também orientado pelos seus tutores, "os exploradores (os capitalistas)".
Nos sete anos em que tem passado no poder, apresenta um passivo sem precedentes, como: o salário mínimo de cem dólares prometido (a preços de dezembro de 2002) não se concretizou, pois, como o salário é irredutível, corrigido, hoje, seria mais de setecentos reais; a concentração do patrimônio se manteve; terras não foram distribuídas através de uma reforma agrária; passou a amar o FMI; foi subserviente aos países ricos até quando, ao querer agradar ao Irã, mostrou as características do seu ser (desconhecedor da história, da religião dos povos e de princípios fundamentais, como: não proliferação de armas nucleares etc.).
Ao desequilibrar-se emocionalmente diante dos erros primários em relação ao Irã e a Honduras, também pela baixa taxa média de crescimento do PIB dos últimos sete anos (em torno de 3,5%, e tudo isso somente foi conseguido, graças ao setor externo), dada a corrupção do seu entorno (conforme a mídia), passou a agredir o povo.
Com tantos dissabores, os meios de comunicação e o povo, únicos responsáveis pela sua elevação ao poder, choram um pedido de crescimento do PIB em 5% para 2010, a fim de que salvem o seu presidente e a si próprios da tamanha irresponsabilidade que fizeram a nação.
Diante do caos político, econômico e social que este cidadão transformou o país, cuja face promíscua se revela, dentre outros fatos, no caos aéreo, no caos do setor de energia, nas ruas entupidas de carros, sem ruas e avenidas novas para escoá-los, só resta felicitá-lo para que consiga um bom 2010, ou seja, desejo-lhe em dobro o que fez pelo Brasil nos últimos sete anos.
Marcos Venícius Barreto Magalhães é doutorando em Administração Pública UCM/UNIFACS
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