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1. Pai. A primeira alegria da oração é um vocativo. Para surpresa e escândalo de muitos, foi-nos permitido chamar assim o próprio Deus. Pai, aquele que não abandona os filhos. Uma pequena palavra de três letras, um grande chamado cuja força libertadora podemos evocar a qualquer momento. Dizer "pai" com a confiança de ser ouvido é uma alegria que justifica a existência.

2. Nome. A segunda alegria do Pai-Nosso consiste em saber que o Pai tem um nome, portanto não se trata de uma força impessoal, indiferente e anônima. O nome do infinito pode ser pronunciado por lábios finitos. A mera expressão do nome santificador desperta em nós a consciência da imortalidade.

3. Reino. Quando pedimos que o reino venha até nós, isso não quer dizer que ele já não se estabeleceu desde sempre. Significa apenas que nós somos cegos por confundi-lo com os poderes materiais. O poder real não se encontra na política, na natureza, na história, na revolução ou na riqueza. Tudo isso é apenas a sombra de uma sombra. O reino se parece muito mais com a casa de infância que julgávamos perdida.

4. Vontade. O que Deus quer que eu faça? Essa deveria ser a nossa primeira pergunta ao abrirmos os olhos de manhã. No entanto, o que nós geralmente seguimos é a nossa vontade; pobre e estéril vontade humana. E nos revoltamos quando tal desejo não é imediatamente atendido. Eis a quarta alegria: saber que existe uma vontade plena e perfeita além do nosso mundinho de prazeres, vaidades e confortos.

5. Pão. É o que nos mantém vivos. Camus dizia que a questão filosófica mais importante é a do suicídio. Antes de qualquer reflexão – continuava o autor argelino –, o homem precisa saber se a vida vale ser vivida. O pão espiritual evita o suicídio e nos impele a continuar, mesmo carregando um rochedo nas costas. Vide Agostinho e Camus.

6. Perdão. Quando o papa João Paulo II visitou na prisão o homem que tentou matá-lo, estava colocando em prática a sexta alegria do Pai-Nosso. Nós somos o Filho Pródigo que abandona o lar pela segunda, terceira, sexagésima vez. Nós somos aqueles que riem quando Jesus está agonizando. Nós somos o mau ladrão. Nós somos Caifás, Pilatos, Judas. Mas há algo maior que o nosso pecado.

7. Redenção. Ao menos neste mundo, nunca deixaremos de sofrer a tentação. A todos que abraçam o mal, é antes concedida a força para vencê-lo. Por isso, quando você sofrer, meu caro oitavo leitor, lembre que o caminho da dor termina onde começa o céu. A sétima alegria do Pai-Nosso é a redenção. Redenção que começa com um vocativo. Pai.

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